domingo, 13 de dezembro de 2009

Ecossistemas varejistas


A integração Pão de Açúcar - Casas Bahia (anunciada em 4/12/09) criou no Brasil um legítimo ecossistema varejista com força e poder de barganha em alimentos, não alimentos e serviços como "nunca antes na história deste país".
As fusões, aquisições, multiparcerias, lançamentos de formatos e empreendimentos dos últimos anos diferem das do passado e envolvem decisões estratégicas que expandem os negócios em vez de confiná-los em seus limites originais. O movimento desta fusão mostra que ecossistemas, da mesma forma que o universo, vivem em expansão contínua que criam novos horizontes para os negócios existentes.
Com o advento dos ecossistemas varejistas fica cada vez mais difícil definir formatos. Drogarias tornam-se spas e espaços de bem-estar, supermercados compactos tornam-se um formato de conveniência, lojas de vestuário absorvem o conceito de estilo de vida e passam a comercializar objetos de decoração e moda casa, hipermercados oferecem viagens, combustível, seguros, serviços médicos e produtos para o segmento luxo. Grandes varejistas dedicam mais esforços estratégicos aos negócios financeiros que à operação original, lojas de conveniência ampliam o espaço de alimentos e restaurantes abrem operações de conveniência.
De todos os operadores, a britânica Tesco – um dos players globais de desconto – é a inspiração de muitos varejistas. Dê uma olhada no site http://www.tesco.com/ e tente enumerar as áreas de negócio. Você vai chegar à conclusão de que está diante de uma nação.*

Michael Klein (esq.), da Casas Bahia, e Abilio Diniz, do Pão de Açúcar

  • Não ia escrever nada sobre a fusão Pão de Açúcar/Casas Bahia, primeiro por pudor: o que eu poderia acrescentar de informação além ou melhor do que já foi escrito?
  • Segundo porque o mote do blog é o varejo de moda. Mas, você não se pergunta quem impedirá este "império" de vender roupas e sapatos, mesmo não sendo a praia original deles?
  • Daí encontrei o texto acima - tão enxuto e repleto de pontos de reflexão - que não resisti.
  • Abriu uma espécie de "portão ultra dimensional" para além da questão apresentada e suscitou novos pontos de vista.
  • E você, o que pensa sobre fusões e grandes conglomerados comerciais?
* O texto acima foi assinado pela Beth Furtado, que escreve sobre Consumo e Inovação, no site Mundo do Marketing.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por que compramos presentes de Natal?

Tudo indica que vai ser um "grande" mês de dezembro. Compraremos e distribuiremos presentes como nunca; provaremos de vez que o país saiu da crise de 2008.

Não importa, o Brasil já está entre os campeões mundiais em extravagância perdulária natalina. Claro, há muitos países ricos que, no Natal, gastam mais do que a gente, mas o que vale, nessa classificação, não são os valores absolutos, mas as vendas do varejo no mês de dezembro comparadas com as dos meses contíguos. Ora, em dezembro, no Brasil, gastamos cerca de 40% a mais do que as média de novembro e janeiro.

Sem críticas ao costume de oferecer presentes e os "excessos" das festas - a questão que interessa é outra: toda consideração moral à parte, será que os gastos natalinos são um bom negócio para a economia? Ou seja, gastando para presentes e ceias, estamos mesmo criando e distribuindo riqueza?

Joel Waldfogel, professor da Wharton (a famosa escola de administração da Universidade da Pensilvânia), acaba de publicar um pequeno livro, seriíssimo e divertido, "Scroogenomics - Why You Shouldn't Buy Presents for the Holidays" (Scroogeconomia - por que você não deve comprar presentes para as festas; Princeton Univ. Press). O livro defende que o Natal é uma calamidade econômica, durante a qual nossas sociedades, a cada ano, destroem riquezas consideráveis.

Para começar, Waldfogel repetiu em vários contextos culturais uma mesma experiência: perguntou a grupos de presenteados quanto eles se disporiam a pagar para adquirir os objetos que acabavam de receber.

No Brasil (em 2008) o resultado foi que, em média, os presenteados estariam dispostos a pagar, pelos presentes que tinham recebido, 47% a menos do que os ditos presentes tinham custado para os presenteadores. Ou seja, 47% do que foi gasto pelos presenteadores não produziu valor nenhum, perdeu-se na transação.

Entendeu? É um raciocínio simples mas de difícil apreensão: digamos que comprei para você, por R$ 100. Mas você, se tivesse que comprar o mesmo objeto, pagaria, no máximo, R$ 53. Ou seja, minha despesa subvencionou o comércio e a produção do objeto que comprei, mas ela foi uma catástrofe econômica: quase a metade do que gastei não serviu para nada. Joguei dinheiro fora.

Quer gostemos ou não da tradição natalina de trocar presentes, seria bom, comenta Waldfogel, que conseguíssemos, ao menos, tornar essa troca mais produtiva. Obviamente, Waldfogel aprova o uso do vale-presente (embora, nos EUA, misteriosamente, um vale-presente em cada dez não seja nunca resgatado) e nos encoraja a oferecer dinheiro, sem constrangimento.*

  • Quem quer ganhar dinheiro de presente de Natal? Só se for uma bolada, tipo mega-sena, senão não vale.
  • Presentes em dinheiro revelam-se tão pouco criativos... Frequentemente o presenteaedo "some" com o dinheiro e, em pouco tempo, nem se lembra mais do que comprou com ele.
  • Talvez seja bom mesmo racionalizar nossas trocas natalinas, como sugere o Prof. Waldfogel.
  • Mas fica sempre o desejo (ou a fantasia) de recebermos algo que, até então, literalmente, não sabíamos que queriamos.
  • O verdadeiro presente é aquele que nos revela nosso próprio desejo.

Surpreenda-me!

* crônica do psicanalista Contardo Calligari (Folha de São Paulo,
3 de dezembro de 2009)

Galeria - II

Entrada da nova loja de moda feminina, Cafochic (Jardins, São Paulo)

Excelente composição de cores

domingo, 6 de dezembro de 2009

Até tu, Zara?

A crise na Europa pode estar passando, mas seus reflexos ainda são muito claros.

Acabo de ler em um site espanhol que a Zara fechou seis lojas na Espanha, nestes dias. Doze no total, em 2009, e fechará mais uma até abril de 2010, devido a quedas nas vendas.

A Zara, que pertence ao grupo Inditex, é considerada a maior empresa espanhola do universo têxtil e a segunda do mundo depois da sueca H&M.

  • O mais interessante é que as notícias sobre a Zara sempre foram em sentido contrário, falando de sua expansão planetária e de lucros sem fim.
  • Parecia intocável.
  • Agora, não só deixa espaços abandonados,ou troca por outra marca do grupo, como Lefties, de produtos muito baratos, como não tem planos de inaugurações a curto prazo.

* li no Portal Onne.

Frase

"Se você não gosta de alguma coisa, não compre. Não compre a revista se não gosta da mensagem que ela passa. Se você não gosta da imagem que uma marca quer passar, não consuma essa marca. Não consigo é concordar com quem reclama mas continua consumindo. Se as pessoas não gostam de modelos muito magras, que parem de comprar as revistas com as modelos muito magras e acredite, essas revistas vão mudar rapidamente. São negócios."

  • Da ex-modelo Cindy Crawford, quando questionada sobre a regulamentação do uso de Photoshop.
  • Cindy também disse que se tivesse se lançando agora no mundo na moda, não teria se tornado uma supermodel. "Eu tenho uma aparência saudável demais. Um corpo como o meu não é o padrão das passarelas de hoje".
  • Pois é, Cindy, o mais chato disso tudo é perceber que pensamentos como o seu também não são o padrão da atualidade.

*li no Petiscos.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Neste Natal, como nos anteriores

HOJE É DIA 5 DE DEZEMBRO de 2009.

Dezenas de milhares de paulistanos e de moradores de vários Estados e cidades do Brasil encorpam a longa fila de compradores da rua 25 de Março e arredores.

Por que tantos se arriscam a comprar produtos sem garantia nem mesmo de que sejam originais, quando há 50 shoppings em São Paulo, sem contar lojas de rua?

A reposta é: impostos. Muitos impostos. Um absurdo de impostos. Uma derrama de impostos de fazer Tiradentes se revirar no túmulo.

Não seria mais inteligente cobrar menos impostos, e ampliar a quantidade de pessoas que os pagam? Sim, seria.

Não seria melhor reduzir a economia informal, cobrando impostos mais razoáveis? Sem dúvida. Então, por que continuamos a ser um dos países do mundo que mais massacram os contribuintes, e que mais reduzem o poder de compra de seus consumidores, amassando-os com tantos impostos, taxas e contribuições?

Porque políticos, em nosso país, são julgados pelo que constróem, pelo que inauguram, principalmente em anos eleitorais. Tratamento de esgotos? Não, isso não dá votos, porque fica enterrado sob as ruas e avenidas. Escola? Não, os eleitores votam em estradas, viadutos, centros esportivos, estações de metrô (que são importantes, obviamente). Mas não votam em controle de gastos, em redução de déficit, em impostos bem comportados.

Enquanto sofremos com os limites extrapolados do cheque especial, do rotativo dos cartões de crédito, nosso dinheiro passeia, pagando votos disfarçados de bondades. E nós nem reclamamos.

Como nós somos bonzinhos, não? Como nós deixamos que façam isso conosco? Perguntem aos políticos. Eles sabem, mas não vão contar para ninguém.*

  • E a imagem que ilustra o post veio do Portal Terra desta semana. Mais uma imagem absurda da guerra entre policiais e vendedores ambulantes (camelôs) da Rua 25 de março, na capital paulista.
  • Porque consumidores arriscam suas vidas para garantir as compras de Natal? Compras de "quinquilharias", diga-se, pois por lá não são vendidos artigos de primeira necessidade, como alimentos ou eletrodomésticos.
  • Ou, como bem escreveu José Simão, "o imposto no Brasil não é alto. NÓS É QUE SOMOS BAIXOS!"

* Maria Inês Dolcci, escreve sobre defesa do consumidor. Na Folha de São Paulo, em 05/12/09.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Virando tudo de ponta-cabeça - ao pé da letra!

A Gap lançou um programa de fidelidade, chamado Sprize, no Canadá, que, segundo a marca, vai virar o varejo de cabeça pra baixo: os consumidores ganham crédito quando as roupas que compraram pelo preço integral entrarem em promoção (em um prazo de 45 dias).

E esse crédito pode ser usado não apenas na Gap, mas na Banana Republic e na Old Navy (marcas pertencentes ao grupo).

Como esta é uma iniciativa arrojada, resolveram chamar a atenção das pessoas da mesma forma: tudo (o que foi possível) na rua da principal Gap de Vancouver foi virado de cabeça pra baixo, incluindo a placa com o logo na fachada, as roupas expostas e até os carros em frente!

  • Tão bom ver que existe tanto para inovar no comércio, basta ter inteligência e vontade de pôr as mãos na massa.

  • Pena que, neste ramo, a maoria prefira a cópia e a imitação...

* vi primeiro no Upadteordie.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Marc Jacobs promove "troca troca" no West Village

Olha só que curioso: sabia que quando uma loja do Marc Jacobs no West Village, em Nova York, vende menos do que outra, elas "trocam" de endereço?

Pois é isso mesmo! Jacobs tem cinco unidades no bairro e, vez ou outra, promove uma espécie de dança das cadeiras. Por exemplo, a Little Marc Jacobs, que era na Bank street até o começo do ano, trocou com a linha masculina, que estava na Bleecker. Foi a única mudança de 2009, mas já aconteceu outras vezes, no ano passado e anterior.

  • Então, fica a dica, quando for a Nova York, cheque antes o endereço onde Marc Jacobs decidiu instalar suas lojas!

  • Eu fico aqui me perguntando como o cliente absorve estas mudanças.

  • Deve rolar uma "confusãozinha básica", não?

* li no Chic.

sábado, 7 de novembro de 2009

Cliente oculto - sua loja está preparada?

No fim da tarde de uma segunda feira, a empresária Stella Kochen Susskind está em seu escritório, no Morumbi, e reclama de como havia sido recebida com descaso horas antes em um magazine próximo. Dentro ou fora do horário de expediente, ela tem o costume de avaliar nos mínimos detalhes o serviço dos lugares que frequenta.

Há vinte anos, a mania virou negócio. Stella desenvolveu a metodologia do freguês oculto e, no início de 2009, abriu sua própria firma, a Shopper Experience. Empresas que desejam saber como o público as vê contratam Stella, que manda ao local um de seus clientes secretos, como ela chama as pessoas cadastradas para esse fim em seu banco de dados. O espião visita a loja ou restaurante e se comporta como um consumidor comum. É orientado a realizar uma compra apenas se for bem atendido. Só ao chegar em casa preenche o relatório.

Para não ser flagrado em ação, vale gravar as observações na caixa postal do próprio celular ou usar um microgravador camuflado no guardanapo. Como numa missão secreta, antes de iniciar o serviço, o avaliador assina um contrato de confidencialidade e a remuneração varia de acordo com a complexidade da ação. Segundo Stella, um cliente misterioso recebe entre 50 e 200 reais para testar o atendimento de uma loja de departamentos ou até R$ 1 mil para passar um fim de semana num resort, sempre com todas as despesas pagas.

As empresas que usam esse tipo de pesquisa podem desembolsar entre R$ 5 mil e R$ 1 milhão. "O que diferencia é o tamanho do estudo. O mais caro é em nível nacional e contínuo - com cerca de mil avaliações por mês durante 12 meses. O dono do negócio quer saber se o cliente vai voltar, se vai recomendar o estabelecimento e, principalmente, se vai gastar mais na próxima compra", afirma Stella, que trabalha para empresas tão distintas quanto C&A, Bradesco e Hospital Veterinário Sena Madureira. Sua mais nova empreitada é conferir como anda o atendimento a deficientes físicos.

O relatório final do cliente oculto é uma excelente ferramenta de treinamento. Os resultados são imediatos e se for apresentado de forma positiva aos funcionários, cria comprometimento e melhorias na operação da loja.

"Trata-se de um serviço que permite identificar com precisão o grau de satisfação do consumidor", explica Anselmo Milani, coordenador do projeto Cliente-Espião do Centro de Tecnologia do Varejo do Senac-SP. "Em geral, o dono do negócio está querendo checar a eficácia de um investimento feito em treinamento. Os resultados, porém, são tão promissores que o número de empresas varejistas dispostas a bancar o serviço vem aumentando. O Senac faz questão de que seus próprios consultores façam as visitas nas lojas. Isto porque o roteiro inclui não só a tradicional provocação verbal mas também a observação da loja e do vendedor. Tivemos o caso de um consultor que foi numa loja de móveis e quando abriu um armário encontrou uma pizza dentro. Parece absurdo ou divertido, mas o cliente pode deixar de comprar por algo assim", finaliza Milani.

Concorrência amiga

Em dois bairros paulistanos, grupos de lojas concorrentes estão sendo formados para atrair mais consumidores.

Na Vila Olímpia, quatro lojas voltadas a gestantes deram a largada, na intenção de firmar a imagem do bairro como um circuito completo de compras para as grávidas. Funciona assim: quem compra pela primeira vez em uma das lojas do grupo ganha um cupom que dá direito a 15% de desconto nas outras. "Existem entre 20 e 25 lojas dedicadas às gestantes no bairro. A grávida pode resolver sua vida por aqui", diz Flávia Lemes, dona de uma das lojas.

Na Vila Madalena, a coalizão também acontece no ramo de mãe e criança, mas é mais ampla. Envolve oito lojas e produtos de moda infantil, decoração e brinquedos educativos. O grupo vai oferecer atividades de rua para as famílias,com ateliês e brincadeiras, na praça do bairro.

O horário das lojas foi unificado e todas vão funcionar também aos domingos, de 29 de novembro a 20 de dezembro. "Queremos, com essa união, sinalizar que o bairro tem esse mercado infantil forte", diz Paula Moreno, uma das comerciantes participantes.

  • As atividades na Vila Madalena estão sendo divulgadas no site
    circuitovilinha.com.br.
  • As da Vila Olímpia estão em roteirodasgravidas.com.br.
  • Adoro estas iniciativas e acho uma perda de tempo encarar a concorrência como inimiga.
  • Ora, concorrentes são adoráveis! Sem eles ninguém iria a lugar nenhum, não é?

* li na Folha de São Paulo

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A incrível arte de vender sapatos

Uma crônica bem humorada sobre esta subestimada profissão, sob a ótica de uma jornalista aficcionada por sapatos.

Hoje fui a uma loja de calçados para tentar achar uma sandália com algum salto. Algo que acrescentasse ao menos uns 5 cm aos meus portentosos 1,55m.

Encontrei uma que me pareceu muito confortável e com preço atraente. Como estava com pressa, já fui adiantando: "Olha, eu quero esta aqui ó, preta, 36". E a moça sumiu loja adentro. Depois de quase uns 10 minutos ela volta com três caixas. Logicamente que nenhuma delas continha a minha elegida, preta, 36. Quando eles vêm com duas ou mais caixas, pode esquecer, porque o que você pediu, eles não têm - bingo!

"- Olha, a preta 36 não temos, mas tem esta branquinha, esta amarelimha (tudo no diminutivo!) e a pretinha 37. Quem sabe com uma palmilha?" - Obrigada, moça, eu queria mesmo a preta 36. E palmilha faz o pé suar pra dedéu, Deus me livre!"

Entrei em mais duas lojas e a situação se repetiu, com poucas variações. Pedia a mesma sandália e os vendedores voltavam com pilhas de três metros de caixas, tais quais malabaristas chineses. Claro, sem minha sandália, que suponho, estava a anos-luz daqui, quiçá apenas na fábrica.

Fiquei pensando depois nesta maravilhosa arte do "ah, se não tem tu, vai tu mesmo." Deve haver uma razão para os vendedores agirem assim, provavelmente porque alguns incautos devem acabar desistindo de comprar o que realmente queriam e levar algum outro sapato "empurrado" pelo vendedor.

Agora imaginem isso aplicado em outras áreas do varejo. Na livraria: "Oi, por acaso vocês têm Os irmãos Karamázov? O vendedor volta com dois livros: "- Olha, este não tem, mas tem esta Bíblia e este aqui que é um best seller, da Aparecida Liberato, aquela irmã do Gugu, sabe, sobre numerologia, tá vendendo bem que só… E é grande também, já que você deve gostar de livro grande, pelo jeito…". "Ah, sim, vou levar o da Aparecida, afinal o conteúdo deve ser quase o mesmo."

E como seria a mesma situação em outras situações, vida afora? No trabalho, o seu chefe lhe pede: "Ricardo, traz pra mim aquele relatório que te pedi ontem." Você demora uns quinze minutos e volta esbaforido com três pastas: "Olha, seu Aderbal, aquele relatório não tem, mas tem este aqui que foi feito no mesmo período do ano passado, este outro que é muuuuito similar àquele, apenas houve mudanças na cotação do dólar, que estava a dois pra um àquela altura, e este…"

Nem preciso avançar pra sabermos que isso é exponencial. Eu, por exemplo adoro imaginar-me na redação do jornal e atender ao pedido do chefe de redação nos mesmos termos: "Patrícia, cadê a matéria sobre o Prêmio Nobel de Literatura?" "… Ah, esta não fiz, mas olha que legal essa matéria sobre cachorros hipertensos…"

Agora me digam: por que vendores de sapatos podem agir assim impunemente? (Alguns que vendem roupas também agem assim, mas é mais raro. No ramo dos calçados isso parece ser pré-requisito pra poder trabalha!)

Lutemos pois, pelos mesmos usufrutos dos vendedores de sapatos! Chega de tanto maniqueísmo. Não dá pra ser assim "ou isso ou nada feito", precisamos variar, dar e ter opções.

Alguém aí quer me contratar para vender sapatos?*

  • Antes que algum vendedor de sapatos com pouca presença de espírito venha me atirar pedras, aconselho a entrar no link original de onde copiei o texto e ler os comentários lá deixados...
  • Leitor(a) amigo(a), já esculachararam a autora do texto antes de você - e com tanta propriedade - que não sobraram mais palavras de desagrado que valham a pena ser escritas para criticar este post.
  • Válido também para quem se divertiu com a leitura e quer estender a diversão...

* por Patrícia Köhler, no blog
Cinta Liga.

Socorro, tem um homem de cueca no provador!

Se você ainda não sabe, já desconfiava: homens não costumam gostar de comprar roupas para si. São as mulheres as responsáveis por mais de 50% das compras de roupa masculina - fato já confirmado em dezenas de pesquisas. Um resultado que não parece ser cultural, mas da espéci,pois foi confirmado em dezenas de países, não importando classe econômica ou nível cultural dos pesquisados, contrariando as expectativas alardeadas pelas mudanças de comportamento masculino deste início de século.

E como isso se dá no ambiente das lojas? Nem sempre funciona. Para além das dúvidas e do desperdício de tempo, muitas dessas compras enfrentam problemas na escolha do tamanho e caimento.

Com a proposta de minimizar as trocas e oferecer maior satisfação tanto para quem compra como para quem recebe o produto, uma cadeia de lojas de moda masculina francesa, a Celio inovou com a contratação dos Shoppenboys - garotos das compras, numa mistura de alemão e inglês - já em sua terceira edição.

Os Shoppenboys são um grupo de homens reais - não modelos! - selecionados em concurso (vídeos e fotos enviados pelos concorrentes, ao estilo BBB) e com tipos físicos variados, que passeiam pelas lojas em datas importantes e comerciais, vestindo apenas uma cueca tipo samba canção na cor vermelha (cor principal na logo da marca).

Eles são baixinhos, muito altos, magros, gordos, corcundas, barrigudos... com idade entre 19 e 63 anos e vestem tamanhos que variam de PP (extra pequeno) a XXGG (super extra grande). Nada comparável com uma versão de "Clube das Mulheres". A intenção é auxiliar as clientes femininas, servindo como manequins ao experimentarem as peças que correspondem a morfologia dos seus companheiros e repassando dicas das preferências masculinas. Tudo de forma leve e bem humorada.

O sucesso da ação pode ser explicado por sua simplicidade e por trazer, na sua essência, um conceito muito buscado nos dias de hoje: a aproximação da moda com as pessoas reais, comuns e verdadeiras, sem o falso glamour das passarelas e das fotos de revistas (com corpos surreais, redesenhados com o auxílio luxuoso de muito photoshop).

Desde a primeira aparição dos Shoppenboys, em 2008, na inauguração da nova loja Celio em Nice, no sul da França, a repercussão ultrapassou as expectativas e a empresa decidiu repetir a dose, nas grandes cidades da França, com farto material de propaganda com o tema, inclusive com um divertido calendário de fotos "sensuais" dos rapazes.

    Aplaudo a iniciativa e simpatizo com os meninos - mas não sei o que faria com um calendário destes em casa...

  • As lojas Celio são lídereres no mercado francês de roupa prêt-a-porter masculina. Atuam em 28 países, com 680 lojas.
  • Desde a primeira edição do evento, o número de correspondências solicitando o serviço aumentou exponencialmente, e no momento há estudos de como atender os consumidores sem banalizar a idéia.
  • Mais que isso, não foi só as mulheres que gostaram da iniciativa. Os homens, também insatisfeitos com a pressão da mídia de moda, estão se cadastrando para, voluntariamente, se transformar em um Shoppenboy por um dia.
  • A lista já conta, no momento, com cerca de 900 nomes que desejam protestar contra a ditadura da moda para os corpos masculinos.
  • E tudo isso, na França!
  • Para entender o clima da campanha, vale se divertir assistindo um dos vídeo enviados:
Foi selecionado, sem dúvida!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dançarinos fazem mudança de loja

Coreografias com manequins e araras chamam atenção para a troca de endereço

Ao invés de lidar com a mudança de endereço como um mero transporte de objetos, a rede de lojas Pompéia (RS) aproveitou a ocasião para criar uma série de mobilizações e divulgar o endereço novo.

Para a reinauguração de uma loja em Novo Hamburgo, dançarinos fizeram o trajeto da antiga para a nova sede. Vestidos de vendedores, aproximadamente 10 artistas dançavam enquanto transportavam caixas, araras e manequins. A música escolhida, Celebration, da banda Kool & the Gang, já foi trilha de algumas propagandas da marca e embalou as coreografias.

  • As fotos são de uma das performances realizadas.

  • Ao longo do dia foram realizadas outras 3 apresentações, todas diferentes.
  • As lojas Pompéia, especializadas em varejo popular (classes C, D e E),nunca deixam de inovar na maneira de se apresentar a seus clientes. Lembram do desfile dentro de um galpão de estocagem de produtos?

* do Portal Use Fashion

Compre responsabilidade

Trabalhadores se aprisionam em baixo de um carrinho de compras gigante, em frente à sede da União Européia

O protesto é para chamar a atenção dos consumidores a questionarem a procedência das mercadorias adquiridas, evitando assim o incentivo indireto ao trabalho escravo na produção dos bens de consumo.

  • Em Bruxelas, na Bélgica, hoje, 19 de outubro.
  • E no cartaz, à esquerda, a pergunta: "O que está por trás das coisas que compramos?"

* vi no Terra.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Lojistas viram modelos em campanha da Nike

Cotidiano dos varejistas é retratado em fotos da coleção de inverno, nos EUA

A nova campanha publicitária Nike SB, divisão mais urbana da grande marca esportiva, não conta com celebridades e nem mesmo com paisagens remotas e cinematográficas. Para divulgar a coleção de inverno 2009 (no hemisfério sul, inverno 2010), a grife fotografou lojistas e donos de skate shops norte-americanos.

Com o mote " Support your local" (apóie seu fornecedor local) a campanha vai de encontro com uma das grandes tendências mundias que vêm formatando o comportamento do novo consumidor, que busca consumir do varejo local e não em grandes redes, uma forma de incentivar o empreendedorismo e não mandar o dinheiro para longe de casa.

E a Nike acerta dois alvos com o mesmo tiro: além de prestigiar os lojistas que fazem com que o produto chegue ao consumidor final, a marca economizou uma boa quantia ao deixar de contratar modelos ou artistas!

  • A campanha da Nike promete ser atualizado a cada temporada, com novas fotos de outras lojas.
  • Apesar da recente inserção no setor de skatewear (em meados de 2005), a Nike SB já supera muitas concorrentes tradicionais quanto à variedade de produtos.
  • A nova coleção, por exemplo, conta com 109 itens, além de ser reforçada mensalmente .
  • E a idéia de escolher lojistas e suas lojas para ilustrarem a campanha publicitária é original: adorei o o jeitão dos rapazes -despojados, cool (viram?, tem até quem asse uma carninha nos fundos, para o almoço!)
  • E os ambientes não ficam atrás: são antiquados, mas tem história - preferíveis (meu ponto de vista!) ao estilão "minimal" mas frio de muitas lojas de materiais esportivos destas bandas...

  • Sem falar na fantástica relação fornecedor/distribuidor estabelecida. Uma forma genial de apoiar proprietários e funcionários que apostaram e investiram na marca ao longo dos anos.

  • É o que podemos chamar de campanha "redondinha": fecha com as mais modernas ideias do marketing, da publicidade e de relações públicas.
  • Com esta, a Nike recebe nota 10 em comunicação!

* fotos do hypebeast. Li no Portal Use Fashion.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Para mulheres com alma de criança

A Shoe Woo é a mais nova loja de calçados femininos de Nova Iorque (aberta em 1 de outubro, na esquina da 59th com Lexington).

Com o slogan "você vai se sentir como uma crinça em uma loja de doces", a Shoe Woo parece mesmo ter sidor planejada por um tipo "Willy Wonka do calçado". A promessa da boutique é a de que, ao entrar, toda mulher se sentirá em uma espécie de "divertida corrida para ser feliz".

O visual interno e a vitrine de estréia não contrariam a afirmação: confira o sapato gigante que emerge da parede roxa e os móveis, que parecem saídos de uma casinha de bonecas, pintados em tom verde lima.

A loja, que também tem filiais em Washington (DC) e Edison (Nova Jersey) buscou na paixão que a maioria das mulheres têm por sapatos a explicação pela estética do excesso, da fantasia e do sonho. Não dá para ficar imune à coluna no meio da loja - um turbilhão de sapatos, sandálias colados em espiral, com gesso e tinta branca. Como um aviso de que ali, o tornado de "O Mágico de Oz" foi congelado, para sempre (será que Dorothy nunca mais poderá voltar para casa?).

  • E a tendencinha de escrever frases na parede parece não ter fim.
  • Na Shoe Woo, a escolhida é atribuída a W. Shakspeare, o que não a torna melhor que as outras.
  • Ou, o quê "ela é linda e, portanto, merece ser cortejada" pode acrescentar de poesia ou informação às nossas vidas?
  • O melhor, para mim, está na vitrine: adorei a mistura de ilustração em preto e branco, recortes com o colorido do manequim. Perfeito!
  • E a saia da manequim, com sapatos na ponta (parecem os de plástico, da Melissa) é a melhor idéia de toda a loja!

* fotos do Racked New York.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

E tem quem saia a passear com seus sapatos...

É o que fez este manequim pink na vitrine da Printemps, Paris. Foto de Anne Corrons, dos Mes Vitrines, feita em 8 de outubro de 2009

Moda infantil: feita para brincar ou para imitar os adultos?

Roupa infantil é negócio de gente grande. No Brasil, essa indústria produz um bilhão de peças por ano e cresce 6%, contra os 5% do mercado adulto. Em 2008, o segmento faturou US$ 4,5 bilhões, ou 15% do mercado total de roupas.

No desfile da coleção Cris Barros Mini, a modelo Carla Lamarca usa mesma estampa e tecido das filhas

Em um momento em que se estudam restrições na publicidade dirigida às crianças, grifes concentram suas estratégias exatamente nesse público. "Há dez anos não valorizávamos a criança como consumidora", diz Dieter Wolsgang Brockhausen, diretor da FIT (Feira Internacional do Setor Infanto Juvenil e Bebê). "Hoje ela é mais autônoma, tem contato social intenso e visualiza as informações mais rápido."

As marcas infantis têm estilos variados. "O que não significa que uma criança já tenha um estilo definido. Suas vontades são resultado de sua interação com o mundo e com o outro. É por esse processo que ela vai, ao longo da vida, optar por uma estética. A criança está sendo assediada a comprar mais e mais, criando um hábito que nem sempre é sadio", diz Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do núcleo de cultura e pesquisas do brincar da PUC-SP. "Mesmo que as roupas se enquadrem no mundo de fantasia, a criança não precisa de nada específico para desenvolver sua criatividade: ela pode transformar qualquer pedaço de tecido em uma boa brincadeira", diz Maria Ângela.

Tipo gente grande

Criança adora imitar pai e mãe."É uma forma de se organizar afetivamente", diz Marcos Cezar de Freitas, historiador especializado em educação. Grifes voltadas para os adultos já descobriram isso e lançam linhas infantis inspiradas em looks de gente grande.

Shiloh Jolie-Pitt com a irmã Zahara - vestida de Brad Pitt!

O que faz o sucesso das coleções com cara de mocinha/hominho é o apelo "fashion". As coleções dedicadas aos pequenos também seguem tendências. As meninas saem ganhando em quantidade de modelos, mas os estilistas vêm se empenhando em criar opções descoladas também para eles. O importante é priorizar o conforto, por isso, os modelos são mais larguinhos, às vezes mais compridos, para dar liberdade total de movimento.

Para ele, pólo cor de rosa e bermuda cargo. Para ela, calça sarouel e batinha - como os adultos, mas com conforto

Mas não vale fantasiar totalmente o pequeno de adulto. "Ao se vestir como os pais, a criança passa a adotar os comportamentos dos adultos, o que pode levar a um amadurecimento precoce", diz a pedagoga Maria Ângela Carneiro.

Quero ser princesa! Sou um super herói!

Brincar de faz de conta ajuda as crianças a desenvolver o pensamento simbólico e a criatividade, além de preservar a curiosidade, natural nessa fase. E ser princesa é uma das fantasias preferidas das meninas. Um vestidão digno de cinderela ajuda a compor o personagem - mas não é obrigatório para entrar na brincadeira.

Flagrante de Ana Clara Garmendia nas ruas de Paris - aqui e em todo lugar do mundo, meninas adoram pink!

Não precisa ser uma fantasia de super-herói para que a roupa seja lúdica. "A criança é capaz de transformar tudo em brinquedo, e a sociedade é capaz de transformar tudo em produto. Às vezes,esses dois movimentos se encontram", diz o historiador Marcos Cezar de Freitas. É o caso das peças que imitam bichos ou trazem estampas de personagens do universo infantil: as crianças adoram.

Roupão atoalhado de zebra estilizada, da Santa Paciência

* texto do Suplemento Vitrine, da Folha de São paulo de 10/10/09.Foto 1 e 2 do Petiscos. 3 e 5 da Folha de São Paulo