Se as tendências, os produtos e os clientes podem ir e vir, porque não as lojas? No varejo, onde quase tudo já foi criado - e amplamente copiado!, esta possibilidade não só é plausível como nem é mais novidade.
Primeiro foi a estilista Rei Kawakubo, com sua Comme des Garçons, na Place Vêndome, em Paris. Depois o mundo todo. As mais famosas praças, nas maiores metrópoles, estacionamentos de universidades e até áreas rurais já foram cenário para as pop up store, ou lojas pop up (do termo pipoca - que rapidamente abre, estoura) uma tendência de varejo devidamente apresentada e disseminada pelo trendwatching.com, em 2004.
Este conceito de business de moda virou mania no exterior: japoneses e europeus, por exemplo, já se acostumaram com o lance. Funciona mais ou menos assim: uma marca (ou alguém) abre uma loja temporária, de preferência num lugar inusitado. O resultado é a criação de um hype relâmpago, bem no clima de "consuma antes que acabe!" .
Grandes varejistas costumam usar pop-up stores para gerar frisson ao lançarem novos produtos. Também são uma excelente maneira de "verificar o pulso" dos consumidores e o grau de fidelização à marca. Especialmente porque uma operação desta costuma custar bem menos que comerciais de televisão de grande abrangência (que dragam rios de dinheiro em produção e exibição). Afinal, uma pop up store reúne três dos mandamentos do novo varejo: vão de encontro ao cliente (e não o contarário, como nas lojas físicas); geram "experiência de compra" e "encantam" com a surpresa do inusitado do lugar , com o entretenimento programado (tipo música ao vivo, djs, premiações e o que mais se imaginar), mas especialmente, pela sensação de urgência que uma loja com prazo marcado para fechar incita. Quem de nós nunca se mobilizou com a faixa na vitrine anunciando - Últimos dias. Aproveite! Não à toa que marcas como Nike, Chanel, Puma, Target, Adidas, Uniqlo ou Illy já aderiram à ideia e vez ou outra recorrem ao esquema.
Grandiosidade - Vinte e quatro containeres de navio formam a Puma City, uma loja que também é um prédio de negócios e eventos e que está viajando ao redor do mundo com o navio Il Mostro durante a corrida 2008 Volvo Ocean Race, que começou na Espanha em outubro passado e deve terminar neste ano. O prédio viaja em navios de carga junto com os barcos da corrida e é montado e remontado diversas vezes, sempre que se inicia uma nova largada, em diferentes portos internacionais.
A POLÊMICA
Tudo isso para introduzir a polêmica que está gerando o abertura de uma loja na Av. Brasil (aqui em Balneário Camboriú) que quer funcionar dentro de um container. A Concept Store Container tem uma proposta diferente, segundo seu idealizador, André Krai, que diz ter optado por esse tipo de construção para enaltecer a consciência ecológica da marca- já que tudo que vai vender na loja é ecológico, sustentável e reciclado. "As araras, por exemplo, são feitas de corrimãos de ônibus", diz Krai, que possui outras lojas deste tipo em Gramado e Shangri-lá (RS).
O comerciante vem tentando desde novembro de 2008 liberação para operar a loja, mas seu pedido foi negado pela Prefeitura e pelo Conselho da Cidade por ferir a legislação municipal que rege os estabelecimentos comerciais. De acordo com o que li, o empreendimento não cumpre com o padrão mínimo de área exigida e não contempla lavabos para funcionários e clientes além de área para refeições dos empregados, como prevê a lei.
Além disso, especula-se que a iniciativa poderá estimular um boom de lojas em containers e a instalação de um camelédromo de containers. Como se não bastasse, toda a ação está misturada à denúncias de propina, advogados com envolvimento favorecido pelo resultado das últimas eleições para prefeito e advogados contratados com grau de parentesco e ligados aos vereadores da bancada da situação, na Câmara de Vereadores.
Enquanto isso, o container de André Krai permance fechado na Av. Brasil, no terreno onde antes ficava a casa do ex-prefeito Haroldo Schultz, ao lado da Panificadora Tuty's Pão.
- É muito problema pra um só container, é ou não é? Melhor lacrar tudo e exportar essa confusão toda!
- Além disso, pelo que percebi, o conceito de negócio não é o mesmo das lojas pop up, que tem prazo de validade e mobilidade. Ou seja, qual a graça de instalar a loja em um container se a idéia não é movê-la de um lugar para o outro? Deixar um container "encalhado" em uma avenida certamente não é muito auspicioso para nenhum tipo de comércio.
- BOMBA! foi o nome dado à primeira pop up store brasileira. Durou exatos 100 dias, no Rio de Janeiro. Contava com um marcador sonoro de tempo, no estilo de uma bomba relógio. Virou sinônimo de loja pop up, asssim como loja kamikaze e guerrilha store.