Amanhã, domingo 15/03, comemora-se o Dia Internacional do Consumidor. Considero os direitos do consumidor com importância não só por ser uma consumidora ou por tratar diretamente com eles em minha profissão, mas por entender que estão entrelaçados a outros conceitos de cidadania - os quatro atributos do ser humano, como cidadão, eleitor, contribuinte e consumidor. Somente de posse desses quatro direitos (e deveres) somos completos, íntegros, sujeitos e agentes da história.
Consumir é uma responsabilidade sem par, porque afeta as relações de trabalho, ecologia e ambiente, relações humanas e empresariais. Comprar um produto ou serviço significa, de alguma maneira, chancelar ou não comportamentos, práticas e decisões.
Quem compra um tênis fabricado por crianças que deveriam estar na escola, em um país pobre, queira ou não, assina embaixo a exploração daqueles menores de idade. Quem adquire os frutos do combate, do tráfico de drogas, da exploração de subempregados, é coautor desses crimes. Quem se deslumbra com um móvel esculpido em madeira nobre, ameaçada de extinção, que cale a boca antes de falar em defesa do planeta Terra. O mundo globalizado, interligado pela internet, já não admite quem olha para o lado enquanto bandidos corrompem ou dilapidam patrimônios universais.
O consumidor pode e deve ser consciente. Lembrar-se de que a água é escassa e valiosa demais para substituir a vassoura na limpeza de uma calçada. Que não se jogam sofás, geladeiras e fogões em córregos, em um dia, e depois se lamenta a enchente inesperada de um dia tórrido de verão. Se você é contra a exploração de crianças no mercado de trabalho, informe-se sobre a origem dos produtos que compra. Se acha um absurdo que patrões abusam dos direitos do trabalhador, avalie se vale a pena comprar um produto eletrônico de um país que não respeita esses direitos.
Vivemos em um mundo em que a hipocrisia não passa mais despercebida aos olhos dos outros. Quem quiser tratamento digno deve agir dignamente em relação aos demais. Um automóvel sem catalisador não polui somente o ar que os outros respiram. Uma gelatina com corante proibido em países desenvolvidos ou excesso de açúcar faz mal para todos, inclusive para nossas crianças.
Lutar pelos direitos do consumidor não é veleidade, não é atitude xiita, é somente autodefesa. O produto que faz mal para os filhos dos outros também afeta nossos filhos. Você, leitor, leitora, escolhe em que mundo quer viver. Mas já sabe que o bumerangue dos maus atos é rápido e nada sutil. Volta na sua cabeça, dos seus filhos, dos seus entes queridos.
* texto de Maria Inês Dolci, na Folha de São Paulo, 14/03/09
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