Roupa infantil é negócio de gente grande. No Brasil, essa indústria produz um bilhão de peças por ano e cresce 6%, contra os 5% do mercado adulto. Em 2008, o segmento faturou US$ 4,5 bilhões, ou 15% do mercado total de roupas.
No desfile da coleção Cris Barros Mini, a modelo Carla Lamarca usa mesma estampa e tecido das filhas
Em um momento em que se estudam restrições na publicidade dirigida às crianças, grifes concentram suas estratégias exatamente nesse público. "Há dez anos não valorizávamos a criança como consumidora", diz Dieter Wolsgang Brockhausen, diretor da FIT (Feira Internacional do Setor Infanto Juvenil e Bebê). "Hoje ela é mais autônoma, tem contato social intenso e visualiza as informações mais rápido."
As marcas infantis têm estilos variados. "O que não significa que uma criança já tenha um estilo definido. Suas vontades são resultado de sua interação com o mundo e com o outro. É por esse processo que ela vai, ao longo da vida, optar por uma estética. A criança está sendo assediada a comprar mais e mais, criando um hábito que nem sempre é sadio", diz Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do núcleo de cultura e pesquisas do brincar da PUC-SP. "Mesmo que as roupas se enquadrem no mundo de fantasia, a criança não precisa de nada específico para desenvolver sua criatividade: ela pode transformar qualquer pedaço de tecido em uma boa brincadeira", diz Maria Ângela.
Tipo gente grande
Criança adora imitar pai e mãe."É uma forma de se organizar afetivamente", diz Marcos Cezar de Freitas, historiador especializado em educação. Grifes voltadas para os adultos já descobriram isso e lançam linhas infantis inspiradas em looks de gente grande.
Shiloh Jolie-Pitt com a irmã Zahara - vestida de Brad Pitt!
O que faz o sucesso das coleções com cara de mocinha/hominho é o apelo "fashion". As coleções dedicadas aos pequenos também seguem tendências. As meninas saem ganhando em quantidade de modelos, mas os estilistas vêm se empenhando em criar opções descoladas também para eles. O importante é priorizar o conforto, por isso, os modelos são mais larguinhos, às vezes mais compridos, para dar liberdade total de movimento.
Para ele, pólo cor de rosa e bermuda cargo. Para ela, calça sarouel e batinha - como os adultos, mas com conforto
Mas não vale fantasiar totalmente o pequeno de adulto. "Ao se vestir como os pais, a criança passa a adotar os comportamentos dos adultos, o que pode levar a um amadurecimento precoce", diz a pedagoga Maria Ângela Carneiro.
Quero ser princesa! Sou um super herói!
Brincar de faz de conta ajuda as crianças a desenvolver o pensamento simbólico e a criatividade, além de preservar a curiosidade, natural nessa fase. E ser princesa é uma das fantasias preferidas das meninas. Um vestidão digno de cinderela ajuda a compor o personagem - mas não é obrigatório para entrar na brincadeira.
Flagrante de Ana Clara Garmendia nas ruas de Paris - aqui e em todo lugar do mundo, meninas adoram pink!
Não precisa ser uma fantasia de super-herói para que a roupa seja lúdica. "A criança é capaz de transformar tudo em brinquedo, e a sociedade é capaz de transformar tudo em produto. Às vezes,esses dois movimentos se encontram", diz o historiador Marcos Cezar de Freitas. É o caso das peças que imitam bichos ou trazem estampas de personagens do universo infantil: as crianças adoram.
Roupão atoalhado de zebra estilizada, da Santa Paciência
* texto do Suplemento Vitrine, da Folha de São paulo de 10/10/09.Foto 1 e 2 do Petiscos. 3 e 5 da Folha de São Paulo
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