quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Lavado no chuveiro

Moda verde. Ternos japoneses podem ser lavados em casa, sem uso de sabão e ferro de passar
Uma verdadeira revolução pode estar em via de acontecer no que se refere à conservação das roupas. Acaba de ser lançado no Japão um terno de lã que não requer lavagem a seco. Para os consumidores, parece ser um grande alívio no bolso e mais um ganho em mobilidade.
Explicando melhor, uma das fibras que mais necessita de cuidados na hora de lavar e passar é a lã. Por ter origem animal, ela se assemelha muito ao comportamento de algo comum no nosso cotidiano: os pelos e cabelos. Para bom observador, os cabelos esticam e encolhem à mudança de umidade no ar, ao tomarem chuva, ao serem lavados, secados, escovados, etc., sem mencionar o que ocorre quando da aplicação de produtos químicos ou de altas temperaturas, como a famosa chapinha japonesa. De maneira similar, a lã também deforma, o que até bem pouco tempo era motivo para se ler nas etiquetas de conservação a expressão "lavar a seco", ou seja, higienizar a peça utilizando produtos químicos ao invés da água.
Como não é viável a instalação de "lavadoras a seco" nas residências, os consumidores adeptos a roupas de lã acabam sendo clientes mais que assíduos das lavanderias. Isso tende a mudar num futuro próximo, devido ao lançamento de um tecido que mistura 83% de lã com 17% poliéster, desenvolvido na Austrália e que é bastante resistente à deformação em contato com a água.
Mas os australianos foram mais além: uniram-se ao grupo japonês Konaka, mais o renomado alfaiate inglês John Pearse e o designer japonês Kansai Yamamoto, para o desenvolvimento de uma parceria bem interessante: conceber um terno que possa ser lavado em ambiente doméstico e que não precise passar, sem esquecer, é claro, do caimento mais que perfeito dos elegantes homens e mulheres de negócio.
Portanto, após um dia de muitas atividades, as peças da coleção Shower Clean (limpo no chuveiro, em inglês) só precisa de um banho, como provavelmente também precisará o seu usuário. A diferença é que o terno não precisa sequer do sabão, ou seja, ainda ajuda a conservar o meio ambiente. Um jato de água quente pelo avesso é suficiente para eliminar o suor e odores acumulado no tecido, assim como outro jato pelo direito é capaz de retirar qualquer sujeira ou mancha!
Quase que num passe de mágica, o terno ensopado volta ao seu estado inicial, num intervalo de quatro horas pendurado num cabide. Para isso, a modelagem da peça inclui perfurações estratégicas para a passagem do ar entre o tecido externo e o forro, auxiliando a etapa de secagem. Para que não seja necessário passar a ferro, o terno, depois de pronto, é posto em uma forma que dá o caimento final das peças, inclusive os vincos. Para que as marcações de volume permaneçam após as lavagens, o tecido recebe um banho do aminoácido L-cysteine, naturalmente encontrado nos cabelos, unhas e pele. Um belo exemplo de biotecnologia têxtil com o uso da sofisticada lã Merino.
O produto está disponível desde fevereiro passado nas mais de 300 lojas Konaka no Japão, embora ainda sem data para seu lançamento em outros mercados. A versões masculina tem o preço aproximado de 50 mil ienes (cerca de 800 reais) e, da versão feminina, cada peça pode ser adquirida separadamente, ao preço de 20 mil ienes para o paletó e 10 mil ienes para a saia ou a calça (cerca de 300 reais e 150 reais, respectivamente).
Agora, resta saber se o maridón vai gostar de ver seu terno japonês pendurado no box junto com as calcinhas de madame...
* do Terra.

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