Deborah Secco, Natalie Klein e Julia Petit, na nova Marc Jacobs.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Roupa para vender nas Casas Bahia?
Viagens de primeira classe? Cachorrinho na bolsa? Quando se trata da empresária Natalie Klein, herdeira das Casas Bahia, nenhum dos lugares-comuns sobre moças ricas se aplica. Exigente e determinada, a paulistana de 33 anos construiu seu próprio reinado fashion.
Fora dos círculos de moda e de leitores atentos de coluna social, pouca gente sabe quem é e que cara tem a neta do fundador das Casas Bahia, rede de varejo que faturou 13,7 bilhões de reais em 2008. Esse jeito discreto, além, é claro, dos recursos familiares, ajudou-a a construir seu próprio patrimônio, a NK Store. As roupas que saltam aos olhos sem chamar atenção demais, exceto nos preços, colocaram a butique de luxo inaugurada por ela há doze anos no topo da lista de preferências das meninas e senhoras muito ricas de São Paulo. As clientes vão à loja da Rua Sarandi (que também tem entrada pela Haddock Lobo) até três vezes por semana - há 15.000 delas cadastradas. Gastam, em média, 2.500 reais em cada visitinha dessas.
Seja ao falar das lojas, de uma sandália Givenchy ou de seus vinte cavalos, Natalie Klein não demonstra vestígio da imagem habitual das herdeiras. Naturalmente, teve tudo de melhor ao longo da vida, como qualquer nascida em berço de ouro. Sua afetação parece inversamente proporcional à fortuna. Nas viagens internacionais, quando não dá para pegar carona num dos aviões da família, nem cogita comprar bilhete para a primeira classe. "Fico confortável na executiva, pois sou pequenininha", explica ela, nos seus 1,61 de altura. "Até uns dez anos atrás, minha família viajava de econômica", diz. E se por acaso você tem impressão de, certa feita, tê-la visto num vagão de metrô em Londres ou Nova York, saiba que provavelmente era ela, sim. "Se estamos no exterior a trabalho, usamos transporte coletivo sem drama", afirma a empresária.
Quando abriu a NK, em 1997, aturou muito patrulhamento pelo fato de ser neta de quem é. "Achavam que eu era só mais uma menina querendo brincar de lojinha", lembra. Determinada, trancou o curso de arquitetura no último ano para dedicar-se ao negócio. Sim, o capital inicial veio do pai, Michael Klein, que investiu o equivalente a 1 milhão de dólares na empreitada, mas ela botou a mão na massa sozinha. "Decidi não me envolver na empresa da minha família, por isso não admitia a possibilidade de não dar certo", diz. Vendia, no início, além das peças de sua própria marca, cinco grifes internacionais (hoje são catorze, entre elas Stella McCartney, Missoni e Lanvin), em cujas portas foi bater munida somente de lábia, figurinos fantásticos e, vá lá, da confiança que só tem quem dispõe de um belo extrato bancário. "Natalie conhece muito bem suas clientes, que possuem perfil semelhante ao dela", afirma a expert em moda Gloria Kalil. "Isso explica todo o seu sucesso."
Quando começa a contar histórias de sua menina dos olhos, Michael Klein, seu tutor no mundo empresarial e sócio, fica emocionado de orgulho. "Hoje as pessoas a procuram por causa de seu brilho próprio, não por ser herdeira da Casa Bahia", afirma. Pai e filha planejam, um dia, montar uma linha de roupas populares para vender nas lojas da rede de varejo. "Se ela quiser vir, mando instalar um escritório na hora", diz.
O atual namorado da empresária, o estilista da Forum e empresário Tufi Duek, 54 anos, também se rende ao talento da moça: "Natalie é uma mulher muito inteligente e conseguiu criar uma loja parecida com ela: discreta, moderna e cool". E ela completa: "Estou numa fase muito feliz, tanto pessoal quanto profissional", voltando a falar do que realmente gosta: bons negócios. "Quero, daqui a dez anos, continuar a ter nas mãos as grifes mais legais do mundo. Meu sonho é ser na moda o que meu pai é no varejo."
O que é que a NK tem?
Do total de vendas da NK Store, 80% são da marca própria ou de sua segunda linha, a Talie. O restante é dividido por três grifes brasileiras e outras catorze internacionais - essas últimas, como na concorrente Daslu, costumam ter preços mais altos que as etiquetas nacionais devido às taxas de importação e ao câmbio. Combinar com maestria diferentes elementos de todas elas é o ingrediente fundamental da receita de moda de Natalie Klein.
* texto extraído da Revista Veja São Paulo, 21/01/09. Foto: Petiscos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário