A sobretaxa provisória sobre os calçados importados da China, anunciada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) na semana passada
, elevou o tom da briga entre marcas multinacionais e indústrias brasileiras do setor, especialmente a Vulcabrás/Azaléia.Os dois grupos se enfrentam desde o ano passado em um processo de antidumping no Ministério do Desenvolvimento, que culminou na decisão, válida por seis meses, de taxar em US$ 12,47 cada par de sapato comprado do país asiático. Fabricantes de tênis de marcas estrangeiras, como Nike, Adidas, Puma e Asics, e até a brasileira Alpargatas, pediam a exclusão dos tênis de corrida da medida, o que não ocorreu.
Asics acusa a Abicalçados de favorecer a Vulcabrás
Em comunicado, a japonesa Asics criticou abertamente a decisão da Camex. Para a empresa, a decisão beneficia somente a Vulcabrás/Azaleia, dona das marcas de tênis Reebok e Olympikus. Para a empresa, com a medida, “o consumidor ficará nas mãos de uma empresa com grande poder de mercado.” A Asics importa da China até 60% do volume vendido no País. A companhia estuda medidas jurídicas para reverter a decisão. Por ora, prevê aumento de preços.
Grupo Vulcabrás/Azaléia rebate as críticas com "tapa de luvas"
Pouco mais de uma semana após o anúncio da aplicação de sobretaxas sobre calçados importados da China, a Vulcabrás/Azaleia anunciou a contratação de 1,8 mil pessoas em suas quatro fábricas no País. A abertura de vagas na Vulcabrás/Azaleia está diretamente relacionada à medida do governo, afirma o presidente da companhia, Milton Cardoso. O grupo tem hoje 37 mil empregados no Brasil e na Argentina. "Desde 2007, R$ 200 milhões foram aplicados na construção de prédios industriais, na compra de máquinas e no desenvolvimento de produtos. Com o dumping e a conclusão da a parte física dos investimentos, podemos admitir mais pessoas”, diz Cardoso.
Milton Cardoso, que preside a Abicalçados e é também o presidente do Grupo Vulcabrás/Azaléia.
- Para saber mais sobre o tema, sugiro a matéria "A cruzada contra os importados", publicada pela revista Exame, em sua última edição.
- Leia e tire suas concluões: a sobretaxa protege a indústria brasileira ou estimula a formação de cartel?
* As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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