- O Greenpeace Brasil, depois de uma investigação séria e detalhada que levou 3 anos, divulgou no dia primeiro deste mês um relatório denunciando as empresas que indiretamente colaboram com a destruição da Amazônia ao sustentar a criação ilegal de gado.
- Na lista, um monte de marcas que o mundo inteiro conhece e consome: Nike, Adidas, Timberland e Reebok, que compram na China couro do frigorífico brasileiro Bertin. Toyota, Honda, Ford e BMW, que compram nos EUA couro do mesmo frigorífico para bancos de carro. Boss, Louis Vuitton, Prada, Gucci, que compram o mesmo couro na Itália para fazer bolsas e sapatos. E, no Brasil, Vulcabrás (Reebok e Olympikus) e Calçados Dilly (TryOn, Fila, Umbro, Kappa e também Glória Coelho e Carlota Joakina), além do Pão de Açúcar, Wal Mart e Carrefour, que compram produtos bovinos da Bertin e também da JBS e da Marfrig, outros frigoríficos da Amazônia.
- Uma semana depois, dia 8, a Associação Brasileira de Supermercados se reuniu e decidiu fazer alguma coisa. Em decisão conjunta, Pão de Açúcar, Wal Mart e Carrefour concordaram em, juntos, tirar seus nomes da lista. Na quarta passada, eles anunciaram que abandonariam 11 fornecedores do Pará que não conseguiam garantir que sua carne não provinha de desmatamento ilegal.
- Dois dias depois, sexta-feira passada, o Banco Mundial anunciou que estava cancelando seu contrato para financiar o frigorífico Bertin, maior exportador do Brasil e segunda maior empresa do setor do mundo.
- No sábado, 13/06, a coluna Radar, da Revista Veja, informou que a Adidas convidou a Bertin, para uma conversa em sua sede, na Alemanha. A Adidas quer que a Bertin dê garantias de que não vai fornecer couro proveniente de regiões de desmatamento na Amazônia. A Adidas convidou o Greenpeace para testemunhar a reunião.
- Estou na torcida para que as outras empresas envolvidas no escândalo tomem algum posicionamento. Será que a Nike, Vulcabrás, Dilly, BMW, Ford, Honda, Toyota vão tomar uma providência ou vão ficar torcendo para os consumidores não ligarem para a destruição do chamado "pulmão do mundo"? (foi assim que eu aprendi a chamar a Amazônia, no meu tempo de escola)
- E será que os frigoríficos e curtumes envolvidos vão se mexer para se adequar à lei? Não perca, nos próximos capítulos!
- Esta história é legal porque é uma das raras vezes em que o temor quanto a pressão dos consumidores embasou uma mudança de atitude da indústria.
- Sabemos que há uma imensa pressão por resultados que faz com que se escolha sempre o fornecedor mais barato, sem se preocupar muito com o que esse fornecedor faz para conseguir preços tão baixos. As empresas só vão proceder de um jeito diferente se perceberem que os consumidores vão puni-las se elas não forem responsáveis. É bom ver que isso está começando a acontecer no Brasil. É pouco, mas é um começo.
- Corro o risco de lhes parecer ingênua, mas continuo envergando a bandeira de que desenvolvimento e sustentabilidade devem andar juntos. Na verdade, a esta altura do século 21, já deveria estar claro que um sem o outro é inútil.
* da Veja, da Folha On line e do blog Sustentável é Pouco.
2 comentários:
Por gentileza, aonde encontrou esta imagem do boi que aparece no início de seu post?
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