sexta-feira, 29 de maio de 2009

Uso de gravatas aumenta no Brasil

Com alta de mais de 12% em relação a 2007, o Brasil vendeu 18 milhões de gravatas no ano passado, 11 milhões de unidades produzidas no país e as 7 milhões restantes provenientes principalmente da China. Os dados são do Instituto de Estudos e Marketing Industrial e da Secretaria de Comércio Exterior, que revelam ainda a queda de 20 milhões para 10 milhões de unidades vendidas entre 1995 e 2005 na Alemanha.

No Brasil, a popularização da peça se deu enquanto o setor de serviços cresceu 18% desde os anos 1990 e adotou a gravata como símbolo de ascensão social, mesmo que esta venha da China e custe apenas 12% do mesmo produto nacional. Enquanto isso, os altos executivos brasileiros aproximam-se cada vez mais do visual despojado e uso facultativo da gravata, observado já na instituição do “casual day”, a sexta-feira que libera o estilo formal em algumas companhias.

Estudos do Instituto Gallup, divulgados pelo Wall Street Journal, explicam esta simultânea ascensão do acessório no Brasil e queda no resto do mundo. Executivos de classes mais elevadas perderam o gosto pela peça por constatarem que a gravata não é mais sinônimo de poder. Para eles, quem realmente tem poder aquisitivo e elevada posição social, pode se vestir como bem entender.

Resta aos fabricantes encontrar novos meios de incrementar e desvencilhar a imagem da gravata unicamente como símbolo de distinção social nos países desenvolvidos. Iniciativas inovadoras, como a do bolso secreto e caseas ( que são presas aos botões da camisa) da iTie. Desenvolvida para ficar na posição vertical o tempo todo, a gravata dispensa o uso do prendedor e evita pequenos acidentes como sujá-la com café ou durante o almoço. Já no bolso podem ser guardados objetos como canetas, cartões de crédito e até mesmo tocadores de mp3, cujos fios podem ser escondidos atrás da gravata ou mesmo por dentro da camisa. Este compartimento também é vendido separadamente para ser incluído em gravatas normais. Em seu site, a marca divulga este vídeo demonstrando as utilizações:

  • No site da iTie descubro que está previsto o lançamento de uma versão maior de bolso, para comportar celulares como o iPhone e o Blackberry e até mesmo câmeras digitais e palm tops (!!!). Imagino que devam lançar também um novo modelo de gravata, estilo xale, para comportar este bolso!
  • Existe um dado que não está no texto e que julgo merecedor de observação: o aumento do número de vendas de gravatas no Brasil deve ser proporcional ao aumento de fiéis evangélicos que frequentam igrejas pentecostais.
* fotos e textos do Portal Use Fashion. As gravatas com estampas da bandeira brasileira estão disponíveis no site britânico Zazzle.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Pele, a maior vitrine do tempo"

O último post acionou alguns neurônios que estavam adormecidos. Estou há tempos para postar fotos destas duas vitrines da Top Shop londrina de Oxford Street. Voilá!
  • Esta, de 2008, causou comoção entre os pedestres por listar a quantidade necessária de animais para o feitio dos casacos: 1 casaco de peles = 25 gatos, ou 17 cães, ou 8 focas, 15 raposas e por aí vai...
  • No detalhe, a manequim com casaco feito com bichinhos de pelúcia. O texto apavora, mas a imagem é fofa. Ponto pra eles!
  • Vitrine de fevereiro de 2009: "Peles exóticas fazem nosso sangue gelar. Deixe a vida selvagem fora do seu armário". Um apelo contra o uso de peles exóticas, como cobras, lagartos, jacarés e crocodilos.

  • Uma salva de palmas para a Top Shop por sabiamente, exporem um tema tão controverso de forma simpática mas não menos sutil.
  • Com bis e urras, por reservarem a vitrine inteira para vender uma idéia - e não produtos!

* o título do post brinca com frase retirada da web.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Omnia Omnibus Ubique

Compartilho com vocês este texto sobre a Harrods, escrito pelo jornalista Paulo Nogueira, brasileiro que recém se estabeleceu em Londres, para o blog Diário do Centro do Mundo, da Revista Época.

São poucas linhas. Mas que oferecem uma visão bem ampla do que representa a Harrods para os ingleses e de como um estabelecimento comercial pode se tornar agente de influência na cultura de um povo, nos seus hábitos e comportamento. Praticamente, uma aula de história.

A Harrods e os casacos de pele

E então vou à Harrods. Não dá para ir a Londres sem ir à Harrods, em Knightsbridge. Quer dizer. Dá. Mas é um erro. Penso em fazer algumas compras. Verifico por curiosidade o preço do primeiro produto que vejo, um casaco de pele: 20 mil libras. Mentira: 19 900. Me faz perder o apetite por compras. A carteira permanece no bolso. Gosto do lema da Harrods. É uma frase latina. Omnia Omnibus Ubique. Tudo para todos, em todo lugar. Mais ou menos isso. Não entendo direito o sentido, mas é uma expressão retumbante. Tudo para todos? O casaco também? Poucas empresas sobrevivem aos primeiros anos. A Harrods tem 175. A primeira escada rolante do mundo apareceu na Harrods em 1898. Uma bebida, no final da escada, acalmava clientes nervosos com a subida.

Muitas histórias.
Mas a mais divertida que conheço tem como protagonista Pattie Boyd, a primeira mulher de George Harrison. George mantinha uma conta aberta para Pattie na Harrods. Pattie se apaixonou por Eric Clapton e deixou George por ele. George e Eric eram grandes amigos. Já casada com Eric, que escreveu “Layla” em sua homenagem, num final de ano Pattie foi à Harrods para fazer as compras de natal. Colocou tudo na conta bancada por George. Só então descobriu que George a encerrara. Ela narra o episódio em sua autobiografia. Parecia realmente surpresa com a perda da conta aberta depois de abandonar o homem que a mantinha. Sábado é dia de protesto em frente da Harrods. Defensores dos direitos dos animais empunham cartazes e distribuem panfletos. Eles querem que os consumidores boicotem a Harrods enquanto continuarem a ser vendidos ali casacos de pele de animais. Me ocorre a palavra alemã “zeitgeist”, o espírito do tempo. Cada vez mais gente tende a militar pelos animais. Podemos matá-los para fazer churrasco e casacos de pele? Não, não sou militante. Na própria Harrods, no celebrado Food Hall (foto abaixo), pedi um frango assado parecido com aqueles que a gente vê na frente de muitas padarias no Brasil. Provavelmente o melhor que já comi, aliás. Molho soberbo.

Mas. Mas confesso que às vezes me vejo com uma ponta não vou dizer de arrependimento, mas de dúvida. Deveria rever alguns conceitos? Vou enfrentar algum livro de Peter Singer, o aclamado filósofo que defende os animais? Talvez mais para a frente. Não agora. Minhas prioridades são outras. Na saída da Harrods apanho um panfleto de uma militante. Fotos de animais com um sofrimento épico. A moça que me passou o panfleto tem um ar tristonho - um notável contraste com a alegria barulhenta e consumidora das pessoas que abarrotavam a Harrods naquela manhã de sábado.

  • Também tenho uma história com a Harrods. Quer ouvir?
  • Em 1993 saí em viagem pela Europa, no estilo mochila nas costas, muito jogo de cintura e zero expectativas, a não ser, claro, Londres.
  • Na época, os guardas da imigração britânica tinham fama de durões e eram ainda piores do que os espanhóis de hoje - não havia nem sala de espera, conversa, nada!
  • Resolvi me preparar para esta situação nos moldes de uma entrevista de emprego. Ainda no Brasil mandei confeccionar um vestido cor de lavanda [cor nada comum na moda daquele tempo e bem no estilo ashcombe-garden-party (parecido com este usado por Madonna, em editorial para Vogue US, de agosto de 2005]

  • o look ainda contemplava meias de seda e sapatos de fina camurça grafite, tudo especialmente planejado para a grand entrée (e dentro da mochila!).
  • ainda acrescentei um chapéu de lã inglesa, comprado alguns dias antes em Amsterdã.
  • após o agente alfandegário inspecionar meu passaporte e documentos, começaram as perguntas de praxe: minhas intenções no país, como era minha família e sobre meu trabalho...
  • Lembro-me dele perguntando qual era minha função na loja e que tipo de produtos vendíamos.
  • com tranquilidade estudada e com sotaque extraído das reuniões do clube de criquet da realeza, falei que a loja estava situada em um edifício de três andares. Que vendíamos roupas finas para cavalheiros, senhoras e crianças. Como também sapatos, bolsas e todo tipo de acessórios em couro. Também lingerie e meias. Além de sermos especializados em todo tipo de material esportivo.
  • fui totalmente sincera, mas jamais poderia prever a relação que o oficial da imigração fez com meu relato: "Ah, entendo. Assim como a Harrods..."
  • Engoli em seco e concordei: Exactly, like Harrods!
  • O oficial sorriu e carimbou meu passaporte com o visto de entrada.  
  • Depois, enviei um cartão postal para meu pai com uma foto igual a esta aí embaixo, do Egypt Hall, contando que achei as lojas em Londres muito simplórinhas. Um nada, em comparação com as de nossa família...
  • E ainda tem mais: após 10 dias em Londres, fui à uma garden party, indeed. O jardim recendia a jasmim. Inesquecível! Fui sem o vestido caretinha, é claro. E sorria à toa, toda uma explosão de juventude. Isso, somado ao fato de ser a única brasileira da reunião, renderam-me vários flertes, vindos especialmente de um senhor barbudo e circunspecto. Eu o esnobei. Era o Eric Clapton!
*



* texto escrito por Paulo Nogueira, para Revista Época Online.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Crítica de Loja - Gilly Hicks

Não satisfeitos em dar uma virada total no posicionamento da marca Abercrombie & Fitch - que, de lojas de roupas para homens clássicos, tipo calça-cáqui-de-algodão-camisa-oxford-azul-claro-blazer-marinho virou uma marca tipo loja-com-clima-de-balada-para-mocinhas-e-mocinhos-modernosos - o pessoal do grupo Abercrombie resolveu lançar uma rede de lojas de lingerie de classe A totalmente diferente, a Gilly Hicks. Como se pode conferir no site, eles tentam dar um ar de exotismo à coisa toda, sugerindo que a marca vem de Sydney, Austrália. Mas a verdade é que a sede fica em Ohio, nos EUA mesmo.

Fui duas vezes à única loja que existe na região de Miami. Uma vez sozinho, só para conhecer. E, depois, levando minha mulher para conhecer (e comprar, é claro). A loja fica no Aventura Mall, no segundo piso, bem em frente à loja da Ferrari. Dou essa dica para o caso de você querer ir lá, porque, mesmo procurando, tive dificuldade em encontrar a Gilly Hicks. É que a fachada é um tanto fechada (desculpe o trocadilho involuntário). E a marca simplesmente não aparece (confira na foto).

Na verdade, a marca está grafada em letras douradas, bem pequenas, coladas à parte inferior do vidro das janelas da fachada - janelas que sugerem pertencer a uma casa chique, situada em uma fazenda australiana ou em alguma plantation do sul dos EUA.

Dentro, a loja é imensa. Calculei pelo menos uns 600m2, mas posso ter errado, pois o espaço é dividido em vários ambientes, como se fossem os cômodos de uma casa antiga. Tudo fica na penumbra, com paredes e prateleiras de uma madeira quase negra, um grande lustre de cristal com lâmpadas bem fraquinhas, carpete cor de vinho e uma luz muito suave, a não ser pelos focos individuais dirigidos para cada um dos produtos expostos. O arquiteto foi muito feliz no uso da iluminação. Criou com ela um verdadeiro cenário, no qual os protagonistas são os produtos. As fotos, infelizmente, não dão uma idéia clara do quanto é bacana o efeito resultante do uso bem pensado da iluminação dirigida num ambiente bem escuro. Aqui no Brasil, a maioria das lojas não sabe fazer uso da iluminação com a competência que os gringos têm para esse tipo de coisa. Embora um tanto alta para os ouvidos sensíveis de um cinquentão, a música é de boa qualidade. Chique, sofisticada. Nada daquele bate-estaca irritante das lojas Abercrombie, que tanto me incomoda. O serviço também não tem nada com o das lojas Abercrombie, onde vendedores e vendedoras quase-grosseiros, que parecem se achar os bam-bam-bans da bala chita e pensam (ou são levados a acreditar) que são mais importantes do que qualquer cliente, se limitam a, se tanto, indicar com ar blasé onde fica o produto que o pobre coitado que se dispõe a comprar algo lá está procurando. Na Gilly Hicks, o atendimento foi cordial, feito por mocinhas atenciosas, discretas e, aparentemente, bem treinadas. Só não me deixaram entrar na área dos provadores, mas isso é compreensível, porque lá dentro circulam clientes do sexo feminino em trajes menores. Corria o risco de ficar traumatizado para sempre (!!!). Minha mulher, que entrou nessa área restrita para ver e para provar algumas peças, me contou que os provadores são grandes, bacanas, com lugar para sentar e um móvel que imita uma cômoda antiga (ver foto abaixo) com várias gavetas. Em cada gaveta, um modelo de sutiã em todos os tamanhos disponíveis. Para a cliente provar à vontade, sem ter que sair do provador. Experimenta, pega os papeizinhos com a referência dos modelos de que gostou e depois pede à vendedora os que quer levar, no tamanho e nas cores de seu interesse. Prático, simpático, inovador, inteligente.

Os produtos, de forma geral, são bacanas. Minha mulher achou, eu achei e minha filha, para quem trouxemos algumas peças, também. Claro que há calcinhas gringa style, com a parte do bunda um tanto grande e bufante. Mas também há modelos que uma brasileira pode usar sem o risco passar vexame na frente do amado (ou amada, que este é um blog sem preconceitos), na hora de tirar a roupa.

A não ser pelos produtos em promoção (bem interessantes, diga-se de passagem), os preços, no geral, são bem salgadinhos. Ainda mais para o bolso de quem ganha em reais. Mas suspeito que estejam altos, mesmo para quem ganha em dólar, o que talvez explique o motivo dea a loja estar tão vazia, nas duas vezes em que lá estive. Isso e mais o fato da loja ser tão "fechada", parecendo um lugar onde a gente só deve entrar se for convidado, como a casa de alguém que a gente não conhece direito. Em suma, um conceito de negócio bacana, com bons produtos, comunicação azeitada para uma identidade visual bem bolada, mas que vai precisar ser revisto - ou muito divulgado e promovido - se o objetivo for torná-lo lucrativo.
  • Obrigada, Marcelo, seu texto fornece tantas informações que merece ser estudado, parágrafo a parágrafo.
  • Gosto especialmente do trecho que trata sobre música ambiente e da atitude arrogante de vendedores em certos estabelecimentos, notadamente os de moda jovem.
  • Para finalizar, acrescento uma opinião feminina sobre a Gilly Hicks, extraída deste blog: "A linha de calcinhase sutiãs de cores de balas é estensa e preence várias paredes, mesas e expositores. A variedade realmente impressiona e incluem ainda materiais como renda e algodão. Todos os modelos de sutiãs podem ser comprados com ou sem aro. Sem falar na miríade de camisetinhas (undershirts), biquinis, cuequinhas, pijamas e produtos para baho, velas e colônias. E a qualidade dos produtos também não fica a dever. Foi uma experiência encantadora comprar em um ambiente tão íntimo e com uma atmosfera sexy, nada vulgar. E em momento algum fui importunada por vendedoras invasivas, ao contrário! Mas elas estavam sempre por perto exatamente quando eu precisei de ajuda."

* texto do consultor de varejo Marcelo Cherto, publicado em seu blog em 21/05/2009

sábado, 23 de maio de 2009

Poesia em forma de publicidade

Como se não bastasse amanhecer em família, neste sábado luminoso de outono, eis que me deparo com este comercial argentino para o Wall Mart:

Se o espanhol não lhe é uma língua familiar (gracias, hermanos, por sua paixão pela terrinha), reescrevo abaixo:
NÃO ECONOMIZE
Não economize ar;
nem palavras.
tampouco mudanças.
Ou esforço
Não ecomize seu canto;
nem lágrimas.
Não guarde os sorrisos,
nem amor;
tampouco beijos.
Não economize aprendizado;
ou brincadeiras.
Não economize viver!
Economize dinheiro
e viva melhor!

  • Publicidade de qualidade deve merecer todo nosso respeito.
  • E boas idéias devem ser espalhadas: as pessoas não precisam economizar nas coisas que são importantes na vida, precisam economizar apenas dinheiro...

* vi no Updateordie

The book is off the table

Descobri que o prefeito do Rio de Janeiro é leitor aqui do blog e mandou ver: Eduardo Paes (PMDB), mandatário da cidade toda linda, sancionou lei que obriga a tradução de palavras estrangeiras em peças publicitárias. A multa estipulada pode chegar a R$ 5 mil. Na primeira reincidência, o valor será dobrado; na segunda, o alvará da empresa será suspenso (uôua!). O vereador Roberto Monteiro (PC do B) foi quem propôs a lei. Seu argumento é o de "preservar a cultura do país e facilitar a compreensão dos textos de propaganda por quem não conhece outros idiomas além do português".

* li no Portal Onne.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A trajetória de uma it bag

Ou "Vida e Morte de uma tendência em 5 imagens". Estrelando: Kalahari Bag, criada por Marc Jacobs para Louis Vuitton.

Coadjuvantes: Madonna, Beyonce Knowles e Steven Meisel. Locações: Paris, Los Angeles, Nice, Genebra, algum galpão escondido da China e Balneário Camboríu.

Passarela Louis Vuitton, Spring Summer 2009 (Paris, outubro 2008)

Campanha publicitária com Madonna (cachê estimado em 10 milhões de dólares), fotografada por Steven Meisel (Los Angeles, dezembro 2008)

Vitrine Louis Vuitton européia. Na tabela, o preço da bolsa: 3.980 euros - ou 5.800 dólares (Genebra, abril 2009)

A cantora Beyonce, no aeroporto Nizza (Cannes, 13/05/09)

Na estante da banca do camélodromo da minha cidade (Balneário Camboriu, 14/05/09)

A bolsa da foto acima no detalhe. Valor? 250 reais, parcelados em até 4 vezes, no cheque ou cartão de crédito.

*as duas primeiras fotos vieram do ILVOE LV. A da vitrine de Genebra foi feita por meu irmão, Marcelo. A da Beyonce saiu do Djane Couture Fashion Dress Room. A do camelô é minha.

Rua 25 de Março terá "clone" na zona sul

A Marginal Pinheiros, em São Paulo, terá shopping inspirado na via de comércio popular, com réplica em tamanho menor do Mercado Municipal. O empreendimento, pensado para atender consumidores das classes C e D, fica perto de dois terminais de transporte público em Santo Amaro, região do ABC paulista.

A rua 25 de Março faz tanto sucesso com seu comércio de rua, mas tanto sucesso, que vai ganhar um clone. Só que, sinais dos tempos, a réplica não ficará na rua - será em um shopping, na marginal Pinheiros, em Santo Amaro, numa área industrial abandonada na zona sul de São Paulo.

A Nova 25 de Março, como foi batizado o projeto, terá até uma réplica menor do Mercado Municipal, com vitrais e sanduíche de mortadela. "Sempre olhamos o caos urbano da 25 de Março como uma oportunidade de negócios", diz Márcio Bevilacqua, diretor comercial da Savoy, empresa que criou o projeto e tem mais de mil imóveis na cidade de São Paulo, entre as quais os shoppings Interlagos e Aricanduva.

Segundo Bevilacqua, o projeto surgiu de três constatações: a 25 de Março não tem para onde crescer, o acesso para carros é para lá de ruim e o tratamento que a clientela recebe na rua não faz jus à fama de ser o metro quadrado mais caro da América Latina (lá, o metro quadrado para locação vale R$ 100, quase o triplo dos R$ 30 cobrados na rua Oscar Freire, nos Jardins!).

O shopping está sendo construído entre uma estação de metrô (João Dias) e um terminal de ônibus, no Largo 13. "Sabemos que se houver fila de carro o público vai embora", afirma. O projeto foi planejado para atender os consumidores mais pobres, das chamadas classe C e D - daí a ênfase em transporte público. Mesmo assim, o estacionamento terá cerca de 4.000 vagas.

O projeto prevê corredores com "organização desorganizada" da 25 - não haverá ambulantes, mas quiosques darão um ar de bazar persa, um pedido dos comerciantes que aderiram ao projeto.A Savoy diz que já vendeu 110 das 150 lojas previstas na primeira fase do projeto.
O shopping, que deve consumir investimentos de R$ 76 milhões, deve ser inaugurado parcialmente no dia 25 de março do próximo ano.
Lojistas criticam cópia e mostram desinteresse
Entre os lojistas da 25 de Março, falta entusiasmo e sobram críticas ao projeto de réplica do maior centro de comércio popular da América Latina. Somente um dos entrevistados mostrou interesse - tanto que já assinou contrato de locação, pelo qual pagou R$ 90 mil. Para a Teartecidos, há dez anos na 25 de Março, o shopping possibilita sua primeira expansão. "A ideia é atingir um outro nicho de clientes. Afinal, São Paulo é muito grande nem todo mundo vem para cá", diz o dono da loja, Paulo Abdalla.

No depósito de meias Ansarah, a opinião é outra. Eduardo Ansarah, terceira geração ali e diretor da Univinco (União de Lojistas da 25 de Março), diz que mimetizar a rua é "sonho inatingível". "Isso é uma veia onde corre sangue: informalidade, trânsito, movimento" - e a cópia, como não vai ter essa "vitalidade", não vai ser tão atraente, afirma Ansarah.
Para Fernando Parsequian, do Depósito Gregório, ao projeto faltam lojas-âncora populares. "Não pode ter uma C&A. Se não tiver Armarinhos Fernando, ambulante e pirataria, vai ser shopping normal." A Armarinhos Fernando não tem contrato fechado.
A professora da USP, Heliana Vargas diz que o projeto se assemelha aos "camelódromos", criados para concentrar ambulantes, e que o atrativo da rua é o movimento, aliado aos preços. "Algo planejado que reproduza isso é difícil, implica custo ao lojista. Não creio que consigam tirar os mais tradicionais."

* matéria da Folha de São Paulo, 20 de maio de 2009. As primeiras fotos são da Marcelona, que escreveu em 2008, um especial sobre a rua para o site EP. A foto do beijo achei no Google. Pertence à lista de "prediletas de todos os tempos". O amor pode estar em todos os lugares e considero esta imagem poesia pura!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Enquanto isso, em Baln. Camboriú... Momento vergonha alheia II

Tanto já se escreveu sobre este que é um dos mais infelizes ranços da colonização brasileira - a mania de usarmos expressões de línguas estrangeiras, notadamente o inglês, para parecermos mais "cultos" e globalizados - que não sobra muito para comentar. Só que é justamente em placas e vitrines comerciais onde mais se vê palavras como SALE (sempre muito grande), ou o afamado OFF, ao lado da porcentagem que se pretende descontar, só para citar alguns dos exemplos mais comuns.

Aqui em Balneário Camboriú, recentemente fomos invadidos pela onda de restaurantes que vendem finos hamburgueres [à época do meu estágio universitário, meu supervisor, o jornalista Creso Luiz de Moraes, já avisava: "o plural de hamburguer é hamburguesas, Luciene"; mas a grafia hamburgueres, errada ou não, ao que parece, vingou, feitos por chefs de cozinha conceituados, que servem suas iguarias em espaços sofisticados e de alto valor de aluguel, à beira mar.

Sei que o prato é de origem anglo-saxônica, assim como todos os sandwichs, mas nada justifica esse letreiro em letras colossais, dourado faiscante. Tem que ver: iluminado pelo sol, assim, bem em frente ao mar (este sim, todo magnifíco na sua esplendorosa imensidão), o letreiro soa mais que ridículo em toda sua "modéstia". Assim, acabo por preferir esta inscrição de parede (cerca de 500 metros de onde trabalho), que anuncia os seviços de uma empresa de sonorização de eventos:

  • Afinal, a palavra [word] suporta "flexibilizações". O mundo [world] já não mais...
  • E modéstia por modéstia, a que se ouve [sond] é melhor, concordam? Tipo, entra por um ouvido...

* Quer ver as outras placas deste tipo que já publiquei? Não são de Baln. Camboriú, mas valem o clique. Aqui e aqui.

sábado, 16 de maio de 2009

Vogue Day

Notícia fresquinha: a Condé Nast está preocupada com a crise no mercado de moda. Afinal, a poderosa editora das revistas Vogue também depende disso. Por isso mesmo, o presidente da Condé Nast, Jonathan Newhouse e a muito famosa diretora de Vogue América, Anna Wintour, resolveram criar um evento internacional, nos 22 países onde Vogue é editada, que durará só uma noite, mas vai dar o que falar.
Será no dia 10 de setembro, das 18h às 24h, nos principais circuitos de moda do mundo: as lojas ficarão abertas, e parte de toda a renda vendida irá para ONGs beneficentes. O anuncio oficial será feito em Nova York no dia 20 (deste mês).
No Brasil, Patricia Carta, editora da Vogue brasileira, já está à toda com a organização do evento, que será realizado apenas em São Paulo, em princípio na Daslu, no Shopping Iguatemi e no circuito Oscar Freire. Já conversou com Eliana Tranchesi, Carlinhos Jereissati (do Iguatemi) e Rosangela Lyra (da associação comercial da Oscar Freire), e todos gostaram da idéia. Ainda falta resolver algumas coisas, mas o evento não precisará de patrocinadores, o que facilita a história. Precisará, sim, do apoio da Prefeitura. O que já está sendo tratado. Tanto que o anúncio oficial em São Paulo será no dia 17 de junho, no SPFW, com a presença do prefeito Kassab.
Patricia reitera que o foco do evento é alavancar vendas, tirar o mercado da crise. Não é fazer promoção de liquidações! Por isso a data: setembro, quando as novas coleções estarão nas lojas do mundo todo. E o mais legal: as produtoras de Vogue colocarão etiquetas nos produtos que elas recomendarem.
  • Idéia boa pra copiar, hã? Que tal? Já pensou todos os lojistas da sua rua, shopping ou CDL de sua cidade organizados em um bom fusuê, com uma boa ação envolvida? Com direito à musica, pipoca, balões...
  • E as etiquetas de recomendação podem ser feitas por celebridades locais ou gente que trabalha com moda, tipo top cabeleileiros, modelos, fotógrafos, stylists, apresentadores de TV, pessoas que, reconhecidamente, entendem de moda e esbanjam estilo.
  • A Promenade Chandon da Oscar Freire (já leu?) tem o jeitão desse evento e é uma boa inspiração - eu adoro!

* li no Cesar Giobbi.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Crítica de Loja - Ponto Frio.com

Achei este texto singular: exemplifica muito bem o maior pesadelo das compras online - a entrega!

PRISÃO DOMICILIAR 14 de maio de 2009 - 20:04 Comprei uma geladeira no Ponto Frio. Eles pediram um prazo de 10 dias para entregar. Era para chegar hoje. Que horas? Entre 8 da manhã e 9 da noite. Mas, mas, mas, mas… Moramos sozinhos (eu e minha esposa, que está viajando). Passei o dia em casa, esperando o maldito caminhão do Ponto Frio.

Agora são 7:47 da noite e nada dele ainda. Estou em prisão domiciliar.

Para mim essa história ilustra bem o jeito de tratar consumidores neste nosso mundo. O Ponto Frio criou uma belíssima rede de distribuição, com uma logística bem pensada, provavelmente toda coordenada por computador. O caminhão sai de manhã com um roteiro racional organizado de forma a maximizar a eficiência, percorrer o mínimo de distância, arriscar ao mínimo danificar os produtos. Mas e o consumidor? Ora bolas, cada um com seus problemas.

O Ponto Frio investe dinheiro para melhorar a logística desde que isso aumente sua receita ou diminua seus custos. Mas, se o objetivo for melhorar a minha vida, eu é que me vire.

O pior é pensar que as soluções eram tão simples… Dar um celular ao entregador. Criar um site que torne a operação logística visível para mim também, não só para o motorista, para que eu possa me programar. Manter o serviço de atendimento em contato com o entregador, para que eles possam me dizer algo mais do que “não sabemos o roteiro dele” quando eu ligo lá. E eu estaria livre. Mas nada disso aumentaria o lucro do Ponto Frio. Agora estou aqui decidindo se cancelo a compra ou se me preparo para passar mais um dia preso.

São 8:03 da noite. Nada até agora.

Update: 8:14 PM - nada ainda. Liguei para o serviço de atendimento. Fui informado que o horário deles é só até as 7 horas. Eu tenho que esperar. Eles não.

Update 2: 8:27 PM - tô com fome. Não tem nada na geladeira (que aliás não funciona). Pedi uma pizza. Agora estou esperando dois entregadores. Tenho mais fé na pizzaria.

Update 3: 8:50 PM - chegou! A pizza, claro. A geladeira não.

* texto de autoria do jornalista Denis Russo, que escreve para a revista Veja e Superinteressante, entre outras

Versão varejista

Achei no Depósito do Calvin, uma ótima resposta para aquela perguntinha indiscreta que toda criança insiste em fazer:

  • Já pensou se fosse verdade? Certeza que os políticos de hoje saíram da banca de ofertas de um 1,99.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Momento vergonha alheia

O último post nos lembra que o mês de maio também é dedicado às noivas. Então aperta o play e assista ao comercial de noiva mais bizarro do mundo - que apesar da trilha com sotaque carioca, veio lá de Alta Floresta, Mato Grosso, Braziúúú!

  • Olha só o comentário que eu copiei do youtube: "Se eu morasse em Alta Floresta, JAMAIS compraria nessa loja, e mesmo assim denunciaria ela ao PROCON..."
  • E quem consegue desgrudar esse refrão chiclete da cabeça?! Me conta, porque da minha não sai...
  • Já escrevi sobre publicidade de mau gosto aqui. Quer lembrar?
  • E também dei uns palpites sobre comerciais para Dia das Mães aqui.

* vi no Noiva.com

Fechando IV - Com clientes dentro!

A Victoria's Secret fecha loja para noivas! No domingo, 3 de maio, a loja da Lexington Avenue (Nova York) foi fechada exclusivamente para noivas.
As clientes - 50 noivinhas e seus convidados - tiveram assessoria de vendedores treinados especialmente para auxiliarem na escolha das melhores lingeries e maquiagens para usar no grande dia e assistiram a uma palestra com Mindy Weiss, a top wedding planeers dos Estados Unidos - a maior autoridade em organização e planejamentos de festas e casamentos nos EUA. Tudo isso regado a muito champanhe coquetéis e hors d'oeuvres especiais.

Para conferir a decoração da loja para o evento e parte da coleção especial de noivas, acompanhe comigo esta seleção de fotos feitas por uma noivinha blogueira (me espanta que disponham de tempo também para blogar!).

As cores que são a aposta da Victoria Secrets para as noivas 2009: lavanda e beringela.

Mesmo os modeladores são sedutores e não podem ficar de fora, nem na Victoria Secrets!

Buquês na decoração- com camélias, peônias e orquídeas - très chic!

Frases engraçadas (noiva "amarrada") nas típicas calcinhas americanas (reparem que a parte da frente parece uma tanga, mas atrás...) E vidros de balas com calcinhas embrulhadas com lacinhos cor de rosa.

E para as noivinhas antendas com a moda, uma aposta "haute couture": preto, rendas, transparências e mini rosas em tule, aplicadas à mão - tudo junto que é para não dar a oportunidade da cliente reclamar!

  • Deu para perceber que a loja da Lexington Avenue é enorme? Além do mais, sei de um monte de brasileiras que não hesitariam em morar lá dentro, tamanho é o encantamento pelas coisas que a empresa produz.

A flag ship da Victoria Secrets - "the most luxurious location ever!" (segundo a Morgan, noivinha que cedeu as fotos para este post.)

* li primeiro no Noiva.com. A foto do convite também veio de lá. As outras vieram do Moments by Morgan. E a da fachada da loja é do Fashion Windows.

Fechando III - E quando ocorre uma tragédia?

O mundo inteiro parou para entender sobre a esta nova gripe (suína, H1n1 ou gripe A, como quiser), iniciada no México.

E o que este blog tem a ver com isso? Não sei se deu para vocês acompanharem todas as notícias, mas souberam que o governo federal mexicano ordenou o fechamento de todos estabelecimentos comerciais, restaurantes, indústrias, escritórios, postos de gasolina, escolas, tudo!, por 5 dias (de 1º a 5 de maio)?

A estimativa da Confederação Patronal da República Mexicana é que o comércio na Cidade do México tenha perdido 1,5 bilhão de pesos por dia (cerca de R$ 240 milhões!), devido aos cinco dias inoperantes. E temem o fechamento de micro e pequenas empresas em consequência da situação econômica do país que já começa a se ressentir dos efeitos da epidemia.

Quem estava na cidade do México (o Distrito Federal mexicano) naqueles dias descreveu um cenário assustador: "100% das portas fechadas. Ruas desertas. Parece filme do Velho Oeste, momentos antes do duelo entre o mocinho e o bandido... Hoje mesmo conversei com 3 pessoas que, por conta do medo de contaminação, cancelaram viagens de negócios que fariam... aos Estados Unidos!"

Concordo plenamente com a decisão (corajosa) do presidente mexicano, Felipe Calderón. A saúde dos mexicanos (e da humanidade) é mais importante que os negócios. Mas, agora, que a situação parece estar sob controle, é preciso pensar também na recuperação do crescimento econômico do país, afinal, o México é um dos países mais afetados pela crise econômica mundial.

  • A situação do México me lembra o que passamos com as enchentes em Santa Catarina, em novembro de 2008.

  • Todos os esforços foram para resgatar e salvar vidas, mesmo assim, o número de mortos da tragédia local superou a quantidade de pessoas que (segundo G1, até agora, são 64 mortos no México) vieram a óbito pelo vírus da gripe suína.
  • Na época, duas de nossas lojas, a de Itajaí e de Blumenau, ficaram fechadas por 10 dias. Mas houve lojista de Itajaí que só pode reabrir suas lojas 15 a 20 dias depois. Lembro ter lido que a estimativa de prejuízo era de R$ 600 milhões no PIB do estado, o equivalente a um mês de parada das atividades da indústria, comércio, serviços e agricultura, pelas estimativas iniciais da Secretaria de Planejamento do Estado de SC.
  • Não estou promovendo uma competição de tragédias, mas quero muito acompanhar as notícias para verificar o que será feito efetivamente para restaurar a economia mexicana. Porque, por aqui, ainda não conseguimos sair do lamaçal deixado pelas enchentes...

* a primeira foto (da vitrine) é da cidade do México e saiu do Portal Terra, assim como boa parte das informações citadas no texto. A foto da enchente é de Blumenau e foi retirada da web. O relato do vazio na cidade do México saiu do Blog do Cherto. Para entender a gripe suína, suas origens e saber das ligações da doença com a China, a indústria de alimentos e muito mais, recomendo a leitura destes dois (aqui e aqui) textos de Saramago.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fechando II - O fim de um ícone

Falando de lojas que fecham, peço licença para comentar uma notícia que, à primeira vista, não parece ser sobre varejo de moda, o foco deste blog, mas que faz todo o sentido para mim.

Lembro a primeira vez que entrei na Mega Loja da Virgin Records no Times Square, em Nova York. Foi a primeira loja de CDs daquele tamanho que eu via. Enorme, descomunal, com uma variedade impressionante de CDs de todos os gêneros musicais. Fiquei alucinada. Passei mais de uma hora fuçando as prateleiras e perdi-me de meus irmão e de meu pai, companheiros de viagem naquela que foi minha primeira visita à Nova York. Era o ano de 1991. Voltei feliz para o hotel - e minha família, desde então, aprendeu que não vale a pena esperar por mim!

No dia 30 de abril de 2009, aquela loja imensa (a maior loja de CDs do mundo!) fechou suas portas para sempre. No seu lugar, será inaugurada mais um ponto de venda de roupas da marca Forever 21, uma das novas sensações da moda jovem nos EUA, conhecida por vender roupas com apelo fashion por preços acessíveis (a inauguração da Forever 21 está prevista para daqui há um ano). Além da loja da Times Square, outras seis lojas Virgin fecharão este ano, como a mega-store de San Francisco (foto abaixo). A justificativa é que o comércio de música migrou para a web e sobraram poucos clientes dispostos a pagar por mídias físicas. Por conta disso, manter lojas tão espaçosas em pontos de alto valor de aluguel, dificultaria a lucratividade da operação.

A loja da Virgin na praça mais famosa de Nova York foi um símbolo da força econômica do mercado fonográfico. Não se concebia nenhum lançamento de novo álbum de artista ou banda famosos sem uma passagem pela loja da Times Square, com a presença dos astros e de filas enormes de fãs à porta. A partir de agora, essas cenas farão parte do passado.

  • As informações dão conta que, somente na Virgin da Times Square, 200 funcionários foram demitidos. Com as seis lojas fechando, serão 1060 demissões diretas.
  • E como fica o mercado de produção de cds, estúdios, designers e tantos mais que vivem da venda de Cds e DVDs? Beleza, sei que essa história tem cara de "crônica da morte anunciada" e que há tempos se vê a venda de CDs e mesmo DVDs despencar, perdendo mercado para as compras online ou por dowloads gratuitos ou ilegais. Mas e daí? É fechar as portas e partir pra outra?
  • Talvez surjam outras tecnologias que substituam os CDs, assim como os LPs foram sustituídos por eles. Mas não consigo evitar a tristeza com o fim desse mercado: tão bom fuçar lojas de discos...
  • E quando a humanidade comprar tudo online? Ainda vão existir lojas físicas?

Fechando...

Por culpa das altas taxas argentinas de importação, Emporio Armani fecha única loja na Argentina. Em texto divulgado pela assessoria da grife para a América Latina, alegam que as barreiras tarifárias que priorizam o mercado interno e objetivam reconstituir a economia do país, somadas aos reflexos da crise mundial, acabaram por justificar a retirada da marca da capital argentina.
Curiosamente, a loja sai do país em decorrência de fatores parecidos que propiciaram sua entrada, já que foi estabelecida em 2001, ano da pior crise vivida pelo país. O detentor dos direitos da marca no país, The Exxcel Group, era obrigado a importar todas as peças vendidas na loja, localizada no elegante bairro Recoleta, em Buenos Aires. Mesmo assim, até o início da crise, as vendas se mantiveram estáveis, paralelas ao crescimento médio anual de 8% da economia argentina.
A Armani continua representada no país por 3 outras lojas da Armani Exchange, uma espécie de segunda marca que vende roupas mais básicas. Mas a permanência de tais lojas depende ainda de negociações, já que a The Exxcel Group quer ao menos a autorização para produção local destas roupas, que não possuem a mesma exigência de confecção exclusiva da primeira marca.
  • Mais uma retração causada pela crise econômica mundial, que não poupou o mercado de luxo e confirma a tendência de que os ricos têm comprado menos. De acordo com o ranking de março da revista Forbes, o mundo agora tem 793 bilionários em comparação com os 1125 do mesmo mês do ano passado, uma queda de 29,5%.
  • Vale lembrar que as leis de importação no Brasil também visam proteger a produção fabril interna. E a aplicação da lei tem sido bem rigorosa (ou seria vistosa?), vide caso Daslu.
  • Mas a explicação que a Emporio Armani argentina forneceu é ridícula: burocracia, impostos, greves de portuários, formulários e mudanças nas leis são percalços previsíveis neste mercado que torna tortuoso o caminho de qualquer produto importado. O mercado de luxo se sustenta na importação, portanto, deveria estar preparado para enfrentar vicissitudades deste tipo.
  • Conclusão: uma loja com produtos de qualidade; estruturada; em bom ponto de venda; amparada por uma marca forte e amplamente reconhecida por um poderoso aparato publicitário, não faz dela um sucesso comercial, simplesmente. Sem uma boa administração, não vinga.

* nota lida no Portal Use Fashion