segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Crítica de Loja - Havaianas da Oscar Freire

O templo do chinelo

As Havaianas, todo mundo concorda, são um primor do design: fazem uso econômico do material, dão incrível segurança para andar, têm a elegância fatal da simplicidade e duram até muito depois de você se encher delas. O fato de ser possível encontrá-las em qualquer biboca do território nacional -no supermercado, na feira, na venda- não é menos charmoso. E que outra coisa tão bacana e usável, no mundo, custa R$ 7? Recém-aberta na Oscar Freire, a loja-conceito da Havaianas mostra que a combinação de fatores raros está longe de ser suficiente. Na trilha de um esforço de "branding", o templo à sandália se esmera em associá-la a tudo que é valor do mundo do consumo, como que para garantir ao frequentador, o motivo "certo" para achá-la chique. Tem a arquitetura de Isay Weinfeld, bonita que é um desperdício; o cubo de plasmas que exibe animações com a textura da sandália, uma boa ideia de resultado médio; e o perfume, ou melhor, "identidade olfativa", pelo qual tive de perguntar à vendedora. "Sai dali", ela disse, apontando o aromatizador sob a barraca de feira que é a peça central da loja, e, não por acaso, a coisa mais simpática lá. E tem o "contêiner" dos modelos exportação, que custam de R$ 40 (tiras transparentes ou cores metalizadas) a R$ 200 (com cristais Swarovski); o balcão de customização, onde você pode misturar tiras, solas, broches e brilho; e o display com fatos e fotos históricas, onde se descobre que as sandálias foram copiadas de um modelo japonês com tiras de tecido e que, em dado ano, "pessoas famosas" começaram a usar a marca. Como loja, o Espaço Havaianas tem seus achados: as bolsas, que começaram usando variantes das tiras do chinelo como alça, com resultados literalmente sofríveis, estão melhorando; a linha infantil Ipê, com desenhos de bichos brasileiros e frases que explicam quem são, é fofíssima; e há combinações clássicas que andavam sumidas, como branco com marrom ou azul-marinho, por R$ 8,90. Já entendi que as Havaianas podem ser caras, customizáveis e decadentes; mas continuo achando estas últimas as únicas realmente chiques.

* texto de Helena Linhares para a Folha de São Paulo de 31/01/09.

  • Mais sobre a nova loja Havainas (com fotos do interior)? Aqui.

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