sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Se eu trabalhasse com moda...

Com a palavra, Gloria Kalil!
Alô Chics!
Como alguns de vocês sabem, eu já tive (lá no passado) uma confecção. Tratava-se da Fiorucci, uma marca de moda jovem de origem italiana que ensinou o mundo a vestir jeans durante todos os dias e não só nos fins de semana, como era o permitido. Foi a primeira marca de jeans jovem e fashion do mundo e a grife marcou uma grande virada da moda no final dos anos 1970, começo de 1980.
Isso para dizer que conheço bem os problemas da indústria de moda, conheço bem os problemas do varejo de moda (tivemos 13 lojas próprias e 17 lojas franqueadas, mais 120 lojas multimarcas durante 8 anos) e sei como funciona a cabeça do consumidor brasileiro. Para ser muito honesta com vocês, estou feliz por não estar mais no ramo!
De lá para cá, a concorrência decuplicou, o mercado deixou de ser comprador e o consumidor virou uma entidade exigente, crítica e... mimada. Nada fácil trabalhar com moda hoje em dia. No entanto, as escolas estão cheias de alunos, o mundo fashion atrai cada vez mais e a mídia dá o maior espaço para o assunto. Quem vê pode até pensar que moda é um bom negócio no Brasil. Não é. É um negócio sofrido, concorrido, apertado. Poucos conseguem grandes vitórias.
Costumo comparar com o futebol: o país inteiro bate uma bolinha, todos os garotos (e hoje, garotas) querem ser astros dos grande times, mas só há vagas para 22 na Seleção Brasileira – 11 no campo, 11 no banco. Com moda, é a mesma coisa. Para cada cem lojas que abrem, duas dão certo e vão adiante. Vocês podem estar se perguntando: qual é a da Gloria? Desanimar o pessoal da moda no início do ano? Não. Minha intenção é fazer essa turma refletir sobre esse 2009 que se anuncia tão difícil para conseguir passar por ele de uma forma digna e sem grandes prejuízos.
Se eu trabalhasse com moda, em 2009 eu faria uma lista com resoluções e direções drásticas:
  • Dar foco total no meu cliente (quem é ele? Do que ele gosta? O que ele vai realmente precisar e querer?).
  • Investir mais em criação. Muito mais do que jamais foi feito antes.
  • Trabalhar mais em rede e menos isoladamente. Por que não me associar a uma joalheria, uma loja de acessórios, uma ótica, e fazer vitrines espetaculares e coordenadas a estas outras categorias? Fica interessante e barato para todos.
  • Estender esse trabalho de rede às indústrias têxteis para o desenvolvimento de novos tecidos. Nossa indústria anda pobre em oferta de bons e diferentes tecidos (desde os anos 1990). Que tal ajudar em algum projeto que traga mais tecnologia e mais recursos para nossas tecelagens? O tecido importado vai estar caríssimo e há espaço para a indústria brasileira ocupar este nicho.
  • Não perder de vista a ideia de que estamos num mundo globalizado e que nossos produtos podem agradar outras pessoas, de outros mercados e cidades... Levantem a grua, pensem além, pensem maior, pensem diferente.
  • Acho, honestamente, que só em associações e em grupos a gente vai conseguir algum resultado. É hora de juntar forças para vencer as dificuldades reais e psicológicas que estão nos ameaçando.

* Editorial de 28/12/2007, no Chic

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